Há um ano, dona Maristela visita um túmulo vazio. Iara tinha 21 anos quando foi assassinada em 2010. A polícia prendeu o homem que confessou o crime e encontrou um corpo queimado que pode ser o da estudante. Mas faz um ano que os exames de DNA para identificação do cadáver estão sendo feitos pela perícia do Paraná. Até agora, nenhum resultado.
“Por que esse resultado está tão enrolado desse jeito?”, questiona dona Maristela. Os motivos são muitos. Neste e em outros casos, os peritos se queixam de acúmulo de serviço e de falta de material.
O perito criminal de Curitiba Antonio Carlos Lipinski mostra as condições de trabalho: “Isso é um computador meu, que eu montei, trouxe para cá para auxiliar, porque a gente estava com acúmulo de serviço e a dificuldade era a falta de equipamento. Para agilizar meu trabalho, montei essa máquina”.
“A gente fica até constrangido quando a gente chega no local a gente não tem sequer o pó para fazer impressão digital”, reclama o perito criminal de Minas Gerais, Esperidião Porto.
Os peritos se queixam também de trabalhar sozinhos, sem motorista ou auxiliar. Como conta João Ricardo Parreira da Associação dos Peritos Oficiais de Mato Grosso do Sul: “Às vezes, é uma área extensa, 20 hectares, 100 hectares. Como o perito vai fazer uma medição dessa área, encontrar essa área? Sozinho? E se a viatura der um problema, enguiçar?”
Você viu o carro do perito enguiçar no início da reportagem. Ao explicar por que a bateria arriou, ele expõe mais um problema da perícia no Brasil: falta de manutenção e de novo equipamentos para trabalhar: “É porque a gente não tem outro sistema de iluminação. Não tem nenhuma lanterna. A gente deixa o farol, porque a única forma de visualizar bem é com o farol da viatura”. Para fazer o carro pegar, só com a ajuda dos bombeiros e das testemunhas do acidente.