Em depoimento, os dois comerciantes citados confirmaram a sociedade e o negócio. O advogado, Jorge Luís Rodrigues, justificou as vendas. “Todos os produtos foram entregues, mas não de uma vez só, como querem fazer transparecer. A nota fiscal foi apresentada uma única vez, mas é comum a entrega fracionada. Ao final do mês faz-se a conta e emite-se a nota. Dessa vez, o que houve foi um atraso na documentação, o que gerou um acúmulo de dois meses”.
Para a acusação, a venda fracionada permitiria contratos com valor abaixo de R$ 8 mil, que dispensam a necessidade de licitação.
Funcionários
Uma funcionária que não quis se identificar, disse em entrevista que por várias vezes os servidores precisaram repor mercadorias na Câmara. “Eu trabalho aqui há quatro anos e, ao contrário do que o ex-presidente está falando, no fim do ano passado nós chegamos a ficar sem café e trazíamos as coisas de casa. Quando faltava, nós precisávamos repor. Nunca recebemos essa quantidade de 117 quilos de café que foi comprada. As acusações a nosso respeito são infundadas”, diz a mulher.
O representante do denunciante, Ítalo Bonomi, disse que os funcionários responsáveis pelo recebimento desses produtos não têm conhecimento sobre a entrada deles na Câmara, mas que o tesoureiro chegou a buscar algumas mercadorias na empresa que fez a venda.
Segundo o presidente da Comissão Processante, Paulo César de Morais, o advogado de acusação pediu que as notas fiscais dessas mercadorias fossem resgatadas na empresa citada na denúncia. “Alguns ofícios serão encaminhados ao Ministério Público para que ele possa fornecer dados que já estão sendo apurados sobre o caso”.
Outro lado
O advogado do vereador Leandro Silva, Gilberto Ferreira Junior, disse que o processo está em fase de apuração. “Estamos fazendo um levantamento sobre o caso. Tudo indica que a compra foi feita da mesma forma como foi paga e existem as notas, mas tudo está respaldado pela lei”, argumenta.
Uma nova oitiva com as testemunhas de defesa será agendada pela comissão. Se comprovada a irregularidade, o vereador poderá ter o mandato cassado.
(Fonte: G1)