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Questões burocráticas ameaçam a 30.ª edição da Bienal de São Paulo

Diálogo entrecortado. Após cada um desses convênios é necessário que se faça uma prestação de contas. Dos 13 convênios que são agora questionados, cinco já haviam sido aprovados. Os outros ficaram em análise. Pedidos de informações complementares, diz Martins, foram atendidos.

Heitor Martins assumiu em maio de 2009 e foi reeleito em dezembro de 2010. “Assim que tomei posse, recebemos 13 pedidos de informações relacionadas a esses projetos. Inclusive dos já aprovados, que foram reabertos”, observa. Em um relatório de mais de 200 páginas, a CGU questionava os convênios e apontava uma série de irregularidades, como, por exemplo, despesas feitas fora do período de contrato e falta de licitação. “Todos os esclarecimentos solicitados foram enviados dentro do prazo. Depois, não tivemos notícias. Até outubro do ano passado.” Foi então que a Fundação descobriu que havia sido incluída no cadastro de inadimplentes. De acordo com o diretor, não houve nenhuma notificação anterior, nenhum pedido de informação que não tivesse sido atendido.

É difícil entender como esses questionamentos foram encaminhados dentro do Ministério da Cultura; segundo revelou o Estadão.com.br em matéria do dia 28 de janeiro, embora alertada há pelo menos quatro anos pela CGU sobre as contas da Fundação Bienal, a pasta adiou a abertura de investigações contra a entidade – ao menos desde 2007, o órgão de auditoria do governo vem emitindo notas técnicas sobre supostas irregularidades. Parecer de setembro de 2011, da Diretoria de Gestão Interna, vinculada à Secretaria Executiva do MinC, sugeria ao secretário Vitor Ortiz a investigação de um prejuízo de R$ 7 milhões, pretensamente causado na execução do convênio 167/2003, para pré-produzir a 26ª Bienal.

Os recursos da Fundação já haviam sido bloqueados no final de 2011, em meio à exposição Em Nome dos Artistas, que comemorava os 60 anos da Bienal de São Paulo. “Era uma exposição com obras que valiam centenas de milhares de dólares e ficamos sem dinheiro até para enviar as obras de volta”, conta Martins. Naquele momento, o processo específico responsável pelo status de inadimplente da fundação datava de 1999 e se referia aos recursos destinados pelo Ministério da Cultura para a reforma do telhado do prédio, que ruiu durante a realização da 24ª Bienal.

Para ter suas contas desbloqueadas, a Fundação concordou em devolver todo o dinheiro recebido à época – com juros, correção monetária e multa. “Poderíamos contestar na justiça. Todo o dinheiro foi, de fato, gasto na reforma do telhado. Não houve prejuízo do Estado”, diz Martins. “Só que na hora que somos colocados na inadimplência, eles matam a gente. É quase uma coação: ou vocês pagam ou ficam sem dinheiro nenhum. A gente perde a chance de debater.”

Regularizada essa situação, a entidade foi retirada da situação de inadimplente. Na sequência, porém, apareceram outros 12 processos semelhantes. E, em 2 de janeiro, a Bienal voltou a ser incluída na listagem de devedores do governo federal. “Foi por isso que agora entramos com a ação. Não poderíamos aceitar o mesmo tipo de acordo para todos os convênios. Vamos à justiça para nos defender”, argumenta Salo Kibrit, um dos diretores da fundação.

Outro ponto questionado pela Bienal é o prazo dado pelo MinC para que os novos questionamentos sobre os antigos convênios sejam respondidos. A partir da primeira semana de novembro, começaram a chegar os pedidos de esclarecimentos. O último deles é de 23 de dezembro. Toda a documentação requisitada, contudo, deveria ser entregue até o dia 31 de dezembro. Sem direito a prorrogação de prazo. “É um emaranhado de prestação de contas super complexo. Precisamos de um prazo maior. Esses pedidos geram um fluxo que paralisa a instituição inteira”, diz Martins.

CRONOLOGIA

Teto do prédio da Bienal desaba em 1999, durante a 24ª edição da mostra

Em 2000, evento é adiado por duas vezes. O curador Ivo Mesquita é demitido. O empresário Manoel Francisco Pires da Costa é eleito presidente da Fundação.

Em 2007, Pires da Costa é reeleito presidente pela terceira vez e se torna alvo de investigações do Ministério Público, que questiona o fato de ele ter contratado sua própria empresa como prestadora de serviços. O Conselho Fiscal da entidade reprova as contas; o então presidente faz um acordo com o MP e renuncia ao recebimento de R$ 840 mil.

A crise provoca o adiamento da Bienal de 2008. Em seu lugar, Ivo Mesquita, de volta ao posto de curador, propõe uma “reflexão sobre o vazio”.

Em 2009, eleito presidente, Heitor Martins é chamado a dar esclarecimentos ao MP mesmo antes de tomar posse. Marcada para 4 de setembro, a próxima Bienal (30ª) tem curadoria do venezuelano Luis Pérez-Oramas, curador licenciado do MoMA/NY

 

 

Por: Maria Eugênia de Menezes – O Estado de S.Paulo
(Fonte: Estadão)

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