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Futebol brasileiro: É possível reformular a CBF

Basta lembrar os vexames nas últimas Copas, em especial, a desorganização e falta de profissionalismo fora de campo; a contratação de técnicos menos por sua qualidade e mais por sua submissão ao presidente da CBF, que se traduziu em escalações tecnicamente inexplicáveis; e amistosos humilhantes para aquele que já foi o melhor futebol do mundo. Sem esquecer da manutenção de uma comissão de arbitragem de péssima qualidade que desmoraliza o Campeonato Brasileiro e prejudica os clubes. E o sucesso financeiro da CBF não é mérito de Ricardo Teixeira, que apenas surfou na onda mundial de valorização comercial do esporte. Não podemos esquecer ainda o homem de personalidade arrogante que, sempre que questionado sobre a falta de transparência das contas da entidade, dava de ombros e dizia tratar-se de uma empresa privada.

Acho difícil aceitar que uma entidade que comanda um dos elementos culturais mais importantes do País não seja “pública”, e com isso não quero dizer de forma alguma uma empresa estatal.

A CBF tem que dar satisfações aos brasileiros. Pode ser privada, mas tem que ter suas contas públicas e auditadas. A situação é absurda: ela vive à custa do amor do brasileiro pela seleção canarinho, vende espaço nas camisas verde-amarelas para patrocinadores, usa os símbolos nacionais nos eventos, mas se recusa a dar transparência a suas contas e não paga um tostão ao povo brasileiro na forma de royalties. Foi preciso que a Polícia Federal rompesse a blindagem da CBF porque nenhuma instituição no Brasil, nem Ministério dos Esportes nem uma agência reguladora, tem legitimidade para fiscalizar a Confederação.

Mas é preciso deixar claro que de nada vai adiantar a queda de Ricardo Teixeira se seus sucessores mantiverem as mesmas práticas, o que é muito provável com a presidência da CBF com José Maria Marin. Por isso, todos os amantes do futebol, além dos clubes e o próprio governo, não podem deixar esse momento passar em branco e devem pressionar a CBF a rever seu estatuto e suas regras de representação e governança.

O imbróglio CBF, Fifa e governo brasileiro em relação à preparação da Copa 2014 mostra a confusão que isso causa. Quem dita as regras, quem define os locais dos jogos? Fifa e CBF unidas estabelecem os critérios. O País aceita ou não. São entidades privadas que buscam lucros, mas não colocam um real sequer na organização do evento. Se a escolha das cidades-sede, baseada em critérios políticos da CBF, se mostrar economicamente equivocada, o problema vai parar no colo do governo e dos contribuintes brasileiros. Fácil ser empresa privada e lucrativa assim, não?

A CBF não teria tanto poder não fossem as regras da Fifa que admitem um único representante por país na entidade internacional. No entanto, não há critérios para a escolha desse representante. A CBF nasceu com esse poder, sem licitação e sem competição. Os clubes, se quiserem participar de torneios da Fifa, como a Taça Libertadores, não podem se rebelar contra a CBF.

Temos agora uma oportunidade única para que governo, Legislativo e os clubes de futebol se unam para mudar as regras da entidade que representa o futebol brasileiro, ou criar uma entidade que possa competir com a CBF pela representação do Brasil junto à Fifa. É possível mudar, basta querer.

Por: ELENA LANDAU – ECONOMISTA E ADVOGADA
(Fonte: Estadão/Aliás)

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