Para a Câmara Europeia de Comércio na China, a hegemonia econômica das estatais passou a ter consequências cada vez mais nocivas, ao sufocar a competição privada pelo acesso privilegiado a crédito e da dominação dos segmentos onde atuam.
“As estatais têm vantagens regulatórias e de licitação, suprimento abundante de energia barata e matérias primas”, afirma um relatório recente da Câmara.
Caso continuem hegemônicas, diz a Câmara, a economia chinesa sofrerá com problemas de ineficiência, produtividade e inovação.
Por causa da composição acionária obscura, é difícil saber seu peso exato na economia chinesa. Estimativas na produção variam de um terço a metade do total.
Recentemente, uma investigação do Congresso norte-americano concluiu que as empresas de telecomunicação privadas ZTE e Huawei são uma “ameaça à segurança” porque é difícil determinar qual é o grau de participação do Estado nelas (a acusação foi rotulada de “protecionismo” pela China).
Das mais de 100 mil empresas estatais, cerca de cem são controladas diretamente pelo governo central. São estas que vêm liderando o investimento chinês no Brasil, caso das petroleiras Sinopec e Sinochem e da distribuidora de energia State Grid.
Por outro lado, são as estatais chinesas que vêm criando obstáculos para as empresas brasileiras na China. A Embraer não foi autorizada a fabricar um modelo de avião no país pois uma empresa estatal desenvolve um competidor na categoria. Já a Vale teve proibido o uso de seus supercargueiros no país por pressão da Cosco, estatal de transporte marítimo.
Na mais recente lista da americana “Fortune”, a China contribui com 73 das 500 maiores empresas do mundo. Apenas cinco são privadas.
Em comparação: das oito empresas brasileiras listadas duas são estatais.
Por: FABIANO MAISONNAVE
(Fonte: Folha SP)