O risco da ideia de novas licitações está na fase de execução
Confirmado o pacote de concessões ao setor privado na área de infraestrutura, a ser anunciado em agosto, o governo Dilma terá tomado uma decisão sensata e ajudado a enterrar — sempre com risco de recaídas — o conhecido preconceito ideológico existente em frações do PT contra tudo que lembra “privatização”. Algo de fundo dogmático e religioso, por certo.
Mas qualquer governo precisa se curvar à vida real. E é impossível contornar o fato de que, para dar consistência à retomada do crescimento esperada para o segundo semestre, tornou-se imperioso ativar os parcos investimentos públicos — para os quais são necessários a experiência gerencial da iniciativa privada e também recursos.
Ferrovias seriam uma das prioridades do pacote. Comprovam o acerto da escolha os escabrosos desmandos éticos e técnicos — costumam andar juntos — cometidos pela estatal Valec no projeto eterno da Ferrovia Norte-Sul. Capturada pelo fisiologismo político-partidário, a empresa ampliou mais ainda a crônica de atrasos de um empreendimento iniciado há duas décadas.
Mas como não faltam gargalos de infraestrutura, a lista pode ser extensa. Anunciá-la, porém, não será difícil. O problema está na execução, como em todos os planos trombeteados pelo governo. Pois, além da proverbial lentidão administrativa, no caso de concessões e licitações há uma visível má vontade de fundo ideológico.