Uma fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) diz também que as empresas contratadas pelo Ibrasi enviaram seus orçamentos antes de o Ibrasi encaminhar a elas o pedido de cotação de preços. E o relatório aponta como evidência da fraude a utilização de empresas de fachada e a coincidência de sócios entre as empresas, que receberam antecipadamente por serviços não executados.
O Ministério Público afirma ainda que essa conversa gravada com autorização judicial mostra como empresários combinavam as propostas de preço para participar dos convênios.
No trecho, gravado no dia 21 de julho, o empresário Hugo Leonardo Gomes é abordado por um amigo identificado apenas como Ricardo que se diz preocupado com uma visita da Polícia Federal.
Ricardo: Como é o nome do instituto que você trabalhava no Amapá?
Hugo: Ibrasi.
Ricardo: Você usou minha empresa para fazer o quê?
Hugo: Não usei sua empresa. Usei uma carta de propostas só isso, por quê?
Ricardo: Quem te autorizou a fazer isso?
Hugo: Você que passou para mim. Não lembra?
Ricardo: Porque a Polícia Federal está aqui na minha empresa, que a minha empresa está sendo investigada.
O Ministério Público Federal também está investigando outros convênios do Ministério do Turismo. Um deles repassou R$ 2,5 milhões para a Conectur, uma ONG que funcionaria em uma casa em um bairro da periferia de Macapá. O dinheiro teria que ser usado para pagar estudos sobre o turismo no Amapá. Mas o diretor da Conectur, Wladimir Furtado, também foi preso na operação da Polícia Federal. Ele é suspeito de ter emitido notas fiscais falsas e de ter pagado por serviços que não foram executados. O Ministério Público vê indícios de irregularidades em outro convênio do Ibrasi, no valor de R$ 5 milhões.