A situação não significa apenas desconforto, mas também prejuízo financeiro em casos como o do condomínio onde mora a escrevente-judiciária Rogéria Paschoal, no Jardim Botânico. Desde setembro, os moradores gastaram R$ 20 mil com a compra de água – todos os finais de semana, 15 caminhões pipas são contratados para encher as caixas das 122 casas. “Lutamos a vida toda para ter uma casa e quando conseguimos, não tem infraestrutura para viver”, disse.
Daerp
O diretor-técnico do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp), Paulo Henrique Sinelli, confirmou que o problema existe. Segundo ele, o crescimento do setor imobiliário está prejudicando a distribuição de água.
Sinelli disse que é preciso construir novos poços artesianos na cidade. Três devem começar a ser perfurados em maio, porém, atenderão as zonas oeste e norte.
Outros cinco poços dependem da liberação de R$ 20 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. A promessa do órgão é entregar as obras até o final de 2012. “Licitação a gente nunca sabe, pode haver problema de impugnação. Eu acredito que a execução aconteça somente no segundo semestre”, disse.
Aquífero
Sem mananciais represados, a cidade de Ribeirão Preto depende exclusivamente da perfuração de poços artesianos para obter água potável. Isso não chega a ser um problema, pois o município está sobre o Aquífero Guarani – maior reservatório de água subterrânea da América Latina e que, nessa região, pode ser alcançado a 100 metros de profundidade.
A ocupação urbana, porém, está rebaixando aos poucos o nível do lençol, o que interfere no abastecimento urbano. Segundo o assistente técnico do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), Renato Crivelenti, o nível diminuiu 60 metros desde 1950.
Como a exploração de água no município é 13 vezes maior do que a recarga direta da chuva, poços antigos precisam ser substituídos por outros mais profundos. Isso implica em trabalho e despesa para a administração pública, que nem sempre consegue executar as obras na velocidade necessária para atender à demanda. “É muito caro construir novos poços”.
Por: Adriano Oliveira e Clayton Castelani
(Fonte: G1)