Notícias

EUA e Europa vão questionar leilão para 4G

Agora, prometem elevar o tom da contestação. Na sexta-feira, os diplomatas americanos e europeus vão deixar claro em reunião na OMC sua insatisfação em relação à Anatel e pedir explicações. “O que estamos fazendo é dando um recado claro de que não acreditamos que a lei brasileira esteja dentro das regras internacionais”, declarou ao Estado um negociador europeu, envolvido no caso. “Se não houver uma resposta do Brasil, o próximo passo será pensar seriamente em uma disputa legal, o que queremos evitar”, declarou.

Cobrança. No fim de abril, o governo americano encaminhou um questionário ao Brasil, que terá de ser respondido nesta semana. Washington quer saber o que ocorrerá se a proposta mais atraente financeiramente não atender ao conteúdo nacional mínimo. Os americanos cobram uma explicação ainda sobre o objetivo do Brasil ao impor esse critério, além de insistir em saber se um projeto tecnologicamente mais avançado será rejeitado se for composto apenas de conteúdo estrangeiro.

“A Anatel vai exigir que a tecnologia preferida seja rejeitada em favor de uma tecnologia inferior que seja produzida localmente?”, questiona o documento enviado pelos americanos ao Brasil, datado de 19 de abril.

O Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) já havia manifestado “preocupação” com as exigências feitas pelo Brasil no setor de telecomunicações. Washington enviou uma carta a Brasília, pedindo explicações.

No Brasil, tanto o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, quanto o presidente da Anatel, João Rezende, insistiram em março que a exigência não fere regras internacionais e chegaram a alertar, em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, que a exigência de 50% de fabricação nacional de equipamentos e mais 10% de desenvolvimento e pesquisa no País são medidas que o governo acredita ser necessárias para incentivar a produção brasileira.

“Não achamos que isso fere as condições da OMC”, declarou o ministro a senadores. “Se nós não adotarmos medidas para fomentar a produção e o desenvolvimento aqui, vamos aumentar o nosso problema nessa área de tecnologia”, completou.

Em um recente evento na Espanha, Bernardo ainda foi procurado pela vice-presidente da Comissão Europeia, Neelie Kroes, para tratar da questão. “Eles estão muito incomodados”, comentou Bernardo.

Lucros. Diante de mercados domésticos em depressão, europeus e americanos apostam nos mercados emergentes no setor de celulares para garantir seus lucros nos próximos anos. Hoje, os melhores resultados da Telefonica vêm do Brasil e não da Espanha, sede da empresa.

O Brasil já tem o quinto maior mercado de celulares do mundo, com uma taxa de expansão bem superior ao dos mercados maduros. A introdução da tecnologia 4G no Brasil, antes da Copa do Mundo de 2014, abriria uma nova fronteira para empresas de todo o mundo.

A guerra pelo mercado nacional promete ser intensa. A Anatel colocará o preço mínimo do leilão em R$ 3,8 bilhões. Mas analistas estimam que o valor poderá chegar a R$ 6 bilhões. O leilão de terceira geração, realizado em 2007, arrecadou R$ 5,3 bilhões, com um ágio de 86,67%.

Nos últimos meses, o Brasil já foi pressionado por conta de barreiras no setor de automóveis, têxteis e até de vinhos.

Por: JAMIL CHADE, GENEBRA /CORRESPONDENTE
(Fonte: O Estado de S.Paulo)

Related posts
Notícias

Dispensa e inexigibilidade de licitação para registro de preços

Sistema de registro de preços é o conjunto de procedimentos para realização, mediante…
Read more
ArtigosNotícias

Contrato por escopo e o instrumento adequado para a sua prorrogação

A nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/22) trouxe expressamente a figura do contrato por escopo…
Read more
Notícias

Agenda Celic tem 29 licitações previstas entre 13 e 17 de maio

Período traz certames requisitados por diversos órgãos do governo estadual A licitação para…
Read more

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *