Rodrigo da Silva Pimenta vai ser ser ‘o número dois’ da Fundação para o Desenvolvimento da Educação. Agora com o cargo de chefe de gabinete, ele vai receber o triplo do salário que tinha quando trabalhava na pasta e foi intimado para depor na CPI. Criticado até mesmo por deputados da base do governo e do PSDB, ele admitiu ter cometido irregularidade na assinatura de um chamamento público que beneficiou a cooperativa Coaf, centro do escândalo de corrupção na gestão Alckmin.
Rodrigo da Silva Pimenta foi oficialmente nomeado pelo governador João Doria e pelo Secretário de Educação do Estado, Rossieli Soares, para ser o chefe de gabinete da Fundação para o Desenvolvimento da Educação.
O órgão cuida de todas as licitações e fornecedores das escolas públicas estaduais, inclusive a de merenda.
Tema, no qual Pimenta já admitiu publicamente ter escorregado. Pior, reconheceu que cometeu uma irregularidade que favoreceu a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar – empresa montada para fraudar a compra e venda de merenda em São Paulo.
O ano era 2013 e Rodrigo Pimenta era diretor do Departamento de Alimentação e Assistência ao Aluno, que organiza a lista de alimentos fornecida aos colégios pra alimentar os alunos da rede estadual.
Sabendo dos problemas jurídicos ele fez uma chamada pública para fornecedores de suco de laranja e não uma licitação, como deveria ser. Assim, invadiu atribuição de outro departamento, o de Suprimentos e Licitações.
Quando depôs na CPI da Merenda em outubro de 2016, foi questionado pela deputada Beth Sahão do PT e reconheceu a irregularidade.
“Deputada, respondendo diretamente à senhora isso é um ato irregular, não deveria ter feito. É um ato irregular. Cometi um ato irregular.”, disse ele.
“Não, é fraude. Me desculpe. Isso é fraude. A fraude não mudou de nome. É um processo irregular, o senhor me perdoe”, rebateu ela.
Até os próprios deputados governistas incluíram o nome de Pimenta no relatório aprovado pela CPI indicando o ex-servidor como responsável por fraude. Na época, o cão-de-guarda da gestão Alckmin na CPI era o deputado Barros Munhoz, então do PSDB, que também discutiu com Pimenta.
“Quando o senhor ia lá cobrar por que não assina, por que não assina, por que não assina, essa não é sua função”, disse Munhoz.
“Concordo, o senhor tem razão”, respondeu Pimenta.
“Não tinha outra razão, a não ser o senhor ter interesse. Não há como o senhor explicar isso pra absolutamente ninguém. Nenhum juiz do mundo, nenhum promotor do mundo, nenhum delegado do mundo, nenhuma criança o senhor vai enganar”, retrucou Munhoz.
Filiado a PSDB, Rodrigo da Silva Pimenta vai ganhar um salário de R$ 18.887,04 – o triplo do que recebia quando saiu do governo Alckmin. Ele atendeu a reportagem da CBN e comentou o fato de ter sido listado como responsável por fraude até mesmo pela base do governo e deputados do PSDB.
“Ô meu amigo, aí eu lamento muito que eles tenham chegado a essa conclusão. O parecer do relator foi indicando pra que se averiguasse essa questão. O Ministério Público abriu denúncia sobre quem ele achava que de fato ele deveria investigar e eu não estou no meio. Aí não cabe a mim julgar, você me desculpe. Realmente, quando a gente erra a gente assume, corrige e muda a postura. Foi exatamente o que eu fiz”, disse ele.
Quando prestou depoimento na CPI ele disse que era relações públicas e desenvolvia trabalho paralelo de educação emocional vinculado à vendas, técnicas avançadas de compra e chefia e liderança.
(Fonte: CBN)