Seu discurso incluiu frases como: “Quando o Brasil fala, o mundo ouve com atenção”; “nunca houve um momento em que a contínua ascensão do Brasil como ator global tivesse maior importância para os EUA”; “a parceria Brasil-EUA é vital para o nosso sucesso e para a vitalidade em nosso país”.
Burns também citou o Brasil como chave para a nova estratégia de defesa e política externa anunciada pelo governo de Barack Obama, em que a Ásia da segunda potência mundial, a China, é prioridade. “Vemos um continente americano democrático, integrado e economicamente vibrante como uma âncora estratégica para o Pacífico no século à nossa frente — e o Brasil pode ser uma força fundamental para que isso aconteça.”
CONSELHO DE SEGURANÇA
O subsecretário, no entanto, não apresentou posição diferente da expressada no ano passado por Obama sobre a candidatura brasileira a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Lembrou que o presidente americano “reconheceu e saudou” a aspiração do Brasil, sem dar apoio explícito a ela, como fez com a Índia.
Burns também não quis falar sobre as divergências que permanecem em relação ao Irã –o Brasil acaba de pedir que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se pronuncie sobre a legalidade das ameaças de ataque ao país persa. Preferiu, outra vez, dizer que os dois países “compartilham uma posição clara, contrária à proliferação de armas nucleares”.
Ele também elogiou a participação brasileira na reunião de 70 países “amigos” da Síria realizada na semana passada na Tunísia e que terminou sem acordo –não houve consenso sobre a proposta da Arábia Saudita de que sejam fornecidas armas à oposição ao ditador Bashar Assad. Apesar de ter enviado representante à reunião, o Brasil criticou iniciativas dos fóruns das Nações Unidas.
PATAMAR SUPERIOR
Em seu discurso, o diplomata americano disse que as divergências bilaterais “devem ser enfrentadas de forma direta, franca e respeitosa”. Mas afirmou que elas “perdem força” diante do que os dois países podem conseguir juntos. Burns enumerou razões pelas quais, segundo ele, o Brasil alcançou um patamar superior em importância para os EUA:
1) O fato de ser a 6ª economia do mundo e ao mesmo tempo uma democracia, provando que “democracia e desenvolvimento podem e devem andar de mãos dadas”;
2) A descoberta das reservas petrolíferas do pré-sal, que podem tornar o país “a usina geradora de petróleo na América Latina e um grande exportador para os Estados Unidos”;
3) Os investimentos brasileiros nos EUA, que vêm crescendo. “Poucos sabem que o Brasil investiu US$ 2,7 bilhões nos EUA em 2010 e que uma empresa brasileira é dona do Burger King”;