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Tibiriçá já precisa de uma nova Estação de Tratamento de Esgoto


Só 5 anos após inauguração, estação já trabalha no limite, suportando vazão de esgoto 133% maior do que em agosto de 2011; DAE não explica aumento

Enquanto Bauru discute a novela em torno das obras da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que atenderá 90% da população do município, o pequeno sistema que trata os dejetos gerados em Tibiriçá, inaugurado há apenas cinco anos, já não funciona mais como deveria.

Tanto é que o DAE tenta contratar empresa que projete uma nova estação para o distrito rural. A licitação está aberta e o melhor preço será conhecido no dia 21 de dezembro. O custo para o serviço, contudo, foi estimado em R$ 190.333,00, mas a autarquia ainda não consegue mensurar quanto gastará para viabilizar a obra.

A ETE Tibiriçá, entregue com pompas pelo prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) em agosto de 2011, exigiu o desembolso de R$ 600 mil dos cofres públicos e foi a segunda adequação ao sistema de tratamento desenvolvido, originalmente, em 1992.

Diretora de Planejamento do DAE, Nucimar Paes garante que os efluentes lançados no córrego da Barra Grande Baixo, após tratados, atendem aos padrões de qualidade exigidos pela Cetesb. Todas as semanas, amostras são colhidas in loco e submetidas a testes de laboratório.

NO LIMITE

A engenheira afirma, no entanto, que a estação funciona em situação limite. Quando foi inaugurada, há pouco mais de cinco anos, a vazão de esgoto era de 6 litros por segundo. Hoje, a média é de 14, mais do que o dobro do volume inicial.

O DAE não consegue explicar o “fenômeno”, já que as novas ligações de água em Tibiriçá não acompanharam esse ritmo: saltaram de 380 para 442 no mesmo período. A variação foi de 16% ante os 133% relativos à vazão.

“Embora não haja consequências objetivas para essa diferença hoje, a gente se preocupa porque não se faz uma estação do dia para a noite. O nível da canaleta deveria estar na metade, mas já trabalha próximo da boca”, afirma Nucimar.

A diretora de Planejamento admite, porém, que o problema afeta a ETE em maior grau nos dias de hoje porque o projeto de 2011 não considerou estimativas de crescimento demográfico para os 20 anos subsequentes, como geralmente ocorre em obras ligadas a tratamento de esgoto.

CARGA ORGÂNICA

O segundo fator que, de acordo com o DAE, exige a construção de uma nova estação é a carga orgânica verificada no esgoto gerado em Tibiriçá, que chega a ser até três vezes maior do que a média encontrada em dejetos domésticos.

“Isso onera o sistema, pois gera a necessidade de manutenções muito frequentes”, pontua a diretora do Serviço de Tratamento de Esgoto da autarquia, Giselda Passos Giafferis.

Os técnicos do departamento até conseguem identificar que as alterações no esgoto recebido pela estação são provocadas por dejetos de criação animal, possivelmente descartados indevidamente na rede.

Essa situação é verificada há mais de 15 anos em Tibiriçá, mas, segundo Giselda, os serviços de fiscalização da autarquia, da Vigilância Sanitária, da Secretaria de Agricultura e da Cetesb nunca conseguiram flagrar irregularidades. “Diante disso, a gente chegou a conclusão de que o DAE precisa assumir esse problema”, pontua Giselda.

Sistema não trata coliformes fecais

A ETE Tibiriçá não dispõe de tecnologia para desinfectar o esgoto (eliminando os coliformes fecais) nem para o tratamento terciário, que elimina dos efluentes substâncias como fósforo e nitrato.

Para o primeiro caso, a alternativa mais barata é a adição de cloro, mas o método é condenado por ambientalistas e rejeitado por piscicultores. Outra solução é a desinfecção por ultravioleta, a que será adotada pela grande estação que está sendo construída no Distrito Industrial.

Tanto a desinfecção quanto o tratamento terciário serão contemplados pela nova ETE Tibiriçá, para a qual o DAE está contratando o projeto. As tecnologias, porém, terão que ser apontadas pela própria empresa que vencer a licitação.

“Sairá vencedora aquela que comprovar já ter desenvolvido projetos desse tipo e que apresentar o menor preço. Depois, a empresa vai apresentar dois ou três modelos para que nós decidamos qual o mais adequado. Pode ser uma construção totalmente nova quanto podem ser sugeridas adequações à estrutura já existente”, explica a diretora de Planejamento da autarquia, Nucimar Paes.

Depois da assinatura do contrato, a empresa terá seis meses para entregar o projeto ao DAE. Antes da viabilização da obra, a nova estação ainda será submetida aos processos de licenciamento ambiental.

Reações e insucessos

Em 1992, o DAE deu início ao tratamento de esgoto no Distrito Tibiriçá, implantando um sistema composto por fossa e filtro, sugerido por projeto-padrão da Cetesb. Em 2000, para ampliar a capacidade do sistema, a autarquia construiu duas lagoas, que, poucos anos depois, já não apresentavam os resultados esperados.

A última resposta foi a de 2011, quando uma das lagoas foi transformada em três tanques, denominados “Alagados Construídos”, nos quais plantas aquáticos promovem o polimento do esgoto.

Para o aprimoramento do sistema, foram investidos R$ 600 mil à época. A fossa, o filtro e uma das lagoas continuaram sendo aproveitados pelo sistema desenvolvido por pesquisas da Unesp/Bauru.

Durante o último mês, a lagoa ficou em manutenção para a remoção do lodo acumulado ao longo do tempo. Na semana passada, após secar, o material foi retirado e destinado ao aterro sanitário de Piratininga. O DAE garante, no entanto, que o fato não interferiu na qualidade do tratamento do esgoto de Tibiriçá. “Ela serve como um plus”, alega Nucimar Paes.

Na semana passada, o vereador Sandro Bussola (PDT) subiu à tribuna da Câmara Municipal para denunciar a poluição do Córrego da Barra Grande Baixo. Ele foi procurado por proprietários locais, que relataram mau cheiro no curso d’água. A equipe do JC foi ao local onde o esgoto, após tratado, é despejado e verificou odor de nível moderado in loco. A direção do DAE justifica, porém, que este cheiro é decorrente da ausência do tratamento terciário na ETE de Tibiriçá.

(Fonte: JC Net)

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