Alegando redução na arrecadação municipal de 17 milhões, como também no repasse federal do Fundo de Participação dos Municípios, o secretário municipal de Saúde Luiz Haiduk ressaltou que o município vive um momento único e por isso será necessário corte de custos também no setor da Saúde. A situação começou a transparecer nos pacientes, que reclamam de várias situações, como desmarque e cancelamento de consultas e cirurgias eletivas.
Talita Garcia é um dos exemplos de umuaramense que tinha cirurgia marcada para a próxima semana, porém, recebeu a informação de que o procedimento havia sido desmarcado. Conforme a entrevistada, o cancelamento foi devido a falta de pagamento do município ao hospital. “A cirurgia estava marcada há dois meses e simplesmente a secretária do médico ligou na sexta-feira passada dizendo que foi cancelada, pois haveria um desacordo com a Prefeitura”, disse.
A entrevistada também informou a demissão de médicos no Posto de Saúde do bairro 26 Junho, no qual contava com 3 médicos e agora só tem um. Para Talita, a situação vai prejudicar os moradores dos bairros 26 Junho, Independência, Parque Dom Pedro I e II. “Já era difícil conseguir uma consulta imagina agora, só com um médico”, denunciou.
Em resposta as denúncias, o secretário municipal de Saúde Luiz Haiduk esclareceu que o País vive um momento de crise com recursos federais e estaduais escassos, frustrando a expectativa dos municípios. “O Ministério da Saúde, além do Governo Federal, não estão repassando de forma significativa o que vinham realizando, principalmente o que diz respeito ao Fundo de Participação dos Municípios”, ressaltou.
Conforme o secretário, o município realizava um complemento orçamentário aos médicos para consultas e um incentivo nas cirurgias. Esse complemento de verba era realizada devido a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) estar defasada há mais de 15 anos. Entretanto, com corte de R$ 4 milhões no orçamento de R$ 100 milhões destinado a Saúde, o município não teria como arcar com a ajuda de custo. “Nenhum profissional médico em Umuarama quer atender pelo valor do SUS, então havia um complemento do Município nas consultas em procedimentos eletivos”, explicou.
Sem condições de realizar o repasse, Haiduk explicou que o prefeito Moacir Silva pediu para acordar com os médicos a realização dos procedimentos pela tabela SUS, mas conforme o entrevistado, nenhum profissional aceitou o pedido. “Não é o município que está devendo é o médico que não quer atender pela tabela SUS”, noticiou o secretário.
No intuito ainda de enxugar os investimentos do cofre público, o secretário informou que seis médicos contratados por licitação foram dispensados. “Não vou ter dinheiro para pagar os profissionais, então adequamos nosso orçamento e médicos foram dispensados. Não tinha como manter. Porém, vai diminuir o número de profissionais, mas as unidades de saúde continuam com médicos. O atendimento de urgência e emergência continua no Pronto Atendimento da mesma forma”, explicou o entrevistado.
A solução para a situação seria o funcionamento efetivo do Hospital Regional em Umuarama, alertou o secretário. Hoje a unidade ainda atende de forma tímida, uma vez que foi inaugurado há poucos meses.
Médicos
A reportagem do Jornal Umuarama Ilustrado procurou a Associação Médica de Umuarama para sua versão, mas o presidente Maurício Bianco está em viagem e só retorna na próxima quinta-feira.
Promotoria
Com o sistema de saúde público de Umuarama em dificuldades, o gabinete do promotor Marcos Antônio de Souza se transformou em balcão do SUS. Diariamente filas se formam no local e conforme o promotor, a culpa não é só do município. “O SUS hoje paga para um especialista R$ 10 a consulta, a situação exige que o Município acabe repassando um adicional. Podemos observar que não é só culpa da administração municipal, mas o usuário precisa ser atendido. Não posso interferir na questão da receita municipal, então atendemos caso a caso, mas o coletivo não tem como atuar”, finalizou.
(Fonte: Ilustrado)