Reportagem do ‘Estado’ visitou diversas delas, em diferentes regiões de São Paulo, e constatou abandonos e malfeitos
Obras abandonadas, incompletas, feitas com materiais de baixa qualidade ou que terão de ser refeitas comprovam que as irregularidades cometidas pelas empresas do empreiteiro Olívio Scamatti, reveladas pela Operação Fratelli, não estão restritas às licitações fraudulentas. Foi o que constatou a reportagem do Estado, que visitou diversas obras, patrocinadas com verbas estaduais, federais e municipais, em diferentes regiões do Estado.
Uma delas é a duplicação da rodovia Euclides da Cunha (SP-320), licitada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Técnicos da Bandeirante, construtora responsável por um dos oito trechos em que a obra foi dividida, concluíram que as pedras fornecidas pelo Grupo Scamatti foram responsáveis pelos buracos abertos nos 40 quilômetros entre Urânia e a divisa com Mato Grosso do Sul. O trecho custou mais de R$ 140 milhões ao governo de São Paulo e foi entregue há menos de um ano, mas os motoristas sofrem com ondulações e buracos. “A brita usada não foi adequada porque não se misturou à lama asfáltica, causando os problemas”, afirma o engenheiro Marlos Franco Bernardi, da Bandeirante. “Nós vamos usar outra brita e refazer o serviço; mas será um prejuízo de milhões de reais”, diz. A Bandeirante deverá cobrar ressarcimento da mineradora da Scamatti que forneceu as pedras.
Outra obra licitada pelo DER, realizada pela Demop, principal empreso do Grupo, foi o recapeamento da estrada vicinal que liga Tupã a Bastos, na região conhecida como Alta Paulista. A Demop entregou o recapeamento em 2012, mas houve um trecho em que malha se deteriorou. “A rachadura na pista surgiu em fevereiro, comunicamos o DER, que nos prometeu notificar a empresa para refazer o serviço”, disse o secretário de Obras de Tupã, Valentim Bigeschi. O problema foi constatado em fevereiro e até a última sexta-feira, a situação continuava a mesma.