Para o advogado, as escutas telefônicas que capturaram as conversas entre Demóstenes e Cachoeira são ilegais. “Há que se investigar o ministério público que durante três anos o gravou ilegalmente e há que se investigar por que o juiz determinou que ele fosse gravado durante três anos”, afirmou.
Castro disse que “jamais” aconselharia a renúncia ao senador. “O caso, juridicamente, é simples. Esse inquérito não tem como prosseguir”, declarou.
Ophir Cavalcante disse que a renúncia é a “única saída” para o senador, já que, segundo avalia, ele “perdeu a condição de falar em nome de seus eleitores, do povo de Goiás.”
“Todos nós brasileiros ficamos com um sentimento de indignação, de frustração. O senador Demóstenes era uma voz de combate à corrupção. Quando essa voz está envolvida com jogo, e o mandato dessa voz está sendo utilizado para beneficiar através de negociatas A ou B, a sociedade precisa reagir”, declarou.
Denúncias
Gravações telefônicas divulgadas neste sábado (31) apontam que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) atuou em órgãos públicos na tentativa de obter benefícios para Carlinhos Cachoeira.
Os áudios, autorizados pela Justiça e que fazem parte da investigação da Operação Monte Carlo, na qual Cachoeira foi preso, apontam atuação no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e na Infraero, responsável pela infraestrutura dos aeroportos do país.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro afirmou ao “Jornal Nacional” que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) – onde o senador está sendo investigado após pedido da Procuradoria Geral da República – para tentar anular a investigação da PF.
Segundo o advogado, por ter foro privilegiado, Demóstenes só poderia ter conversas gravadas com autorização do STF. “Eles gravaram o senador indevidamente, de forma inconstitucional, durante três anos”, afirmou Castro.
Conforme a revista Época, Demóstenes chegou a pedir a Cachoeira, influente no Centro-Oeste, que ajudasse a agência de publicidade de um amigo a conseguir contratos em Mato Grosso para a Copa do Mundo.