Relatório do Ministério Público Federal identifica atraso em todas as obras de mobilidade, prometidas como legado do Mundial
A despeito do mal-estar que provocaram no governo e no Congresso Nacional, as cobranças públicas de dirigentes da Fifa ao Brasil encontram sentido nos números. Um levantamento do Ministério Público Federal (MPF) mostrou, por exemplo, que 100% das obras de mobilidade – prometidas como maior legado do evento – estão atrasadas, sob risco de ficar pela metade e ainda causar transtornos à população em 2014.
Diante de tal constatação, o MPF enviou ofício aos 12 Estados que vão sediar os jogos do Mundial de 2014 para que acompanhem de perto os problemas e tirem os empreendimentos do papel. No mês que vem, o assunto voltará a ser discutido pelo colegiado para serem tomadas eventuais providências.
Balanço divulgado este mês pelo Tribunal de Contas da União (TCU) mostra que em 31 de janeiro deste ano a Caixa Econômica Federal (CEF), que financia as obras de mobilidade em 11 Estados, havia liberado somente R$ 206 milhões do total de R$ 5,3 bilhões previstos para os 47 projetos contratados. Apenas oito deles já haviam recebido dinheiro e outros cinco ainda aguardavam a liberação do empréstimo.
Emperrados. Em Brasília, as obras na DF-047 e do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ainda não passaram da fase de licitação. Em Cuiabá, o resultado da concorrência para a construção de trincheiras na Avenida Miguel Sutil só foi publicado recentemente. A licitação de um dos lotes, no entanto, parou no Tribunal de Contas do Estado por suspeita de irregularidades, e o edital teve de ser republicado.