Coisa que a gente não via, por exemplo, na área do petróleo, que, há quase 4 anos sem uma nova licitação, teve nova rodada anunciada ontem, para maio de 2013.
Os ministros da área econômica não gostam quando alguns analistas avisam que o atual modelo de política econômica, que privilegia o consumo, já deu o que tinha de dar e que é preciso agora reforçar o investimento.
Na verdade, apesar de não gostarem de ouvir essas críticas, já começaram a manobrar nessa direção. É pouco e esse pouco continua misturado com incentivos excessivos ao consumo. As vendas ao varejo crescem substancialmente acima da produção. Em São Paulo, licenciam-se 800 veículos novos por dia. Enfileirados, correspondem ao comprimento de uma Avenida 23 de Maio. No entanto, o governo ainda insiste em dar mais isenção de IPI para a indústria de veículos.
As grandes cidades estão emperradas em congestionamentos gigantescos. Um único acidente numa dessas pontes das marginais para tudo. A encomenda não chega, a assistência técnica fica para outro dia, as crianças passam horas enlatadas nos veículos no seu trajeto para a escola ou de volta para casa. O custo Brasil vai sendo multiplicado a olhos vistos e a paciência do público se esgotando. E não é somente São Paulo nem apenas as grandes capitais. Qualquer cidade média tem sido diariamente bloqueada pelos congestionamentos e pela falta de infraestrutura.
E se isso é assim num quadro de crescimento do PIB de meros 1,5% – como o que vai acontecer neste ano -, imagine-se o que ocorrerá caso seja confirmada a tal “velocidade de cruzeiro” com que sonha e conta o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que prevê avanço econômico em torno de 4,5% ao ano já a partir dos próximos meses.
Quem tira proveito de incentivo fiscal e de favorecimentos creditícios distribuídos pelo governo para comprar um automóvel, por exemplo, tem de aceitar uma revolução no seu orçamento doméstico. Não gasta dinheiro só com carro novo. Tem ainda o IPVA, o licenciamento, o seguro, o combustível, o estacionamento, os flanelinhas…