Investigação do MP potiguar cita e-mails trocados entre lobista e presidente da Controlar; interessados teriam combinado até o texto do edital
A engenharia do esquema de fraude na inspeção veicular em São Paulo denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) serviu de modelo para o edital e a licitação no Rio Grande do Norte, alvo da Operação Sinal Fechado, que levou para a cadeia 14 pessoas na quinta-feira. A acusação é da Promotoria potiguar, com base em interceptações telefônicas e de e-mails trocados pelo lobista paulista Alcides Fernandes Barbosa.
Ele é descrito pelos promotores como “um especialista em obter contratos com o poder público de forma fraudulenta em vários municípios brasileiros”. Em e-mails trocados por ele em 26 de março de 2009 com Harald Peter Zwetkoff, presidente da Controlar, a empresa responsável pela inspeção veicular em São Paulo, Barbosa recebe instruções sobre “a implantação do programa de inspeção veicular”.
Os dois combinaram que a lei daquele Estado que instituiria o programa devia prever a concessão do serviço. As empresas interessadas no serviço, segundo os promotores, montaram o edital e até mesmo o texto da lei – suspensa pela Justiça – que criou a inspeção no Rio Grande do Norte. “Esses foram os primeiros passos da organização criminosa em busca de mais uma galinha dos ovos de ouro”, dizem os promotores. Em conversas com outros acusados, Barbosa relatou seus supostos contatos.