Notícias

Empresários e protestos ameaçavam concorrência de ônibus em SP

Pressionado pelas manifestações de rua e pelos empresários de ônibus, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), decidiu cancelar a licitação do transporte público, negócio estimado em R$ 46 bilhões por 15 anos

Pressionado pelas manifestações de rua e pelos empresários de ônibus, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), decidiu cancelar a licitação do transporte público, negócio estimado em R$ 46 bilhões por 15 anos.

 

O contrato seria o maior da história da prefeitura.

 

Os empresários ameaçavam boicotar a licitação e entregar “envelopes em branco”, o que poderia resultar até na falta de ônibus nas ruas.

 

Segundo a Folha apurou, as empresas calculavam que a licitação diminuiria seus ganhos em cerca de 10%.

 

Com a licitação de 2003, cujos contratos vigoram até 17 de julho, cada ônibus rende R$ 38 mil por mês. A nova licitação derrubaria o valor para R$ 35 mil, segundo as empresas.

 

Já os manifestantes do Movimento Passe Livre cobravam a abertura do que chamam de “caixa preta” do setor. Há também as pressões da investigação do Ministério Público sobre as empresas e da articulação para abertura da CPI do transporte na Câmara.

 

Nesse cenário, Haddad decidiu dividir o ônus da concorrência com um Conselho Municipal de Transportes, a ser criado para discutir, entre outros pontos, regras da licitação. Ele será composto por usuários, empresários e governo.

 

A dificuldade em mudar o sistema esbarra na falta de concorrência. O setor é dominado há anos por poucas empresas familiares –principalmente pelas do grupo do empresário português José Ruas Vaz.

 

O edital da nova concorrência foi lançado em junho, após uma única audiência pública.

 

Inicialmente a prefeitura queria reduzir de oito para três o número de lotes da concessão, mas desistiu ante a reclamação dos empresários, que teriam que se organizar em novos consórcios.

 

O Movimento Passe Livre também questionava o fato de um negócio bilionário ser fechado com a realização de apenas uma audiência.

 

As empresas que prestam serviços hoje terão seus contratos prorrogados até a conclusão de um novo certame –não prazo definido.

 

O principal foco da licitação era aumentar a qualidade nos serviços de ônibus.

 

Para reduzir o desconforto, a prefeitura criou uma nova fórmula de remuneração das empresas. Hoje, o pagamento é feito exclusivamente pelo número de passageiros transportados, o que favorece maior lotação.

 

A entidade que representa as empresas disse que não iria comentar o cancelamento.

 

Para o presidente da NTU (associação nacional das empresas), Otavio Cunha, Haddad agiu motivado pela pressão política, mas o setor dificilmente teria a ganhar discutindo a licitação enquanto a tarifa é alvo de protestos.

 

“O momento não é oportuno, porque o setor foi colocado na berlinda. Um açodamento poderia implicar até na continuidade dos serviços. Está todo mundo querendo aparecer, sejam os políticos, sejam aqueles à frente dos movimentos”, disse.

 

Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
Por: MARIO CESAR CARVALHO e ANDRÉ MONTEIRO

(Fonte: Folha SP)
Related posts
Notícias

Especialista explica porque mudança no edital de licitação da BR-381 vai atrair interessados

Professor da Fundação Dom Cabral fala da retirada do lote 8 e do novo atrativo para as empresas…
Read more
Notícias

Prevista para ser concluída em 2018, obra do Centro de Inovação de Brusque tem novo edital de licitação publicado

Obra chegou a ser considerada 98% concluída A retomada da obra de construção do Centro de…
Read more
Notícias

Pernambuco lança licitação para construção de 51 novas creches e pré-escolas

Confira quais municípios serão contemplados O Governo de Pernambuco abriu licitação para…
Read more

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *