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Empresa no ES é investigada por golpes disfarçados de investimentos

O esquema

As investigações de polícia estão por conta da Delegacia de Defraudações (Defa), através da titular Gracimeri Gaviorno, que também esclareceu que as ações da empresa, apuradas em levantamentos iniciais, dão o indicativo da prática da pirâmide financeira. O inquérito chegou às mãos da delegada nesta segunda-feira (11), que tem 30 dias para concluí-lo, prazo que pode ser prorrogado.

Gaviorno explicou que para o esquema funcionar, há a apresentação de um produto, que nesse caso é o serviço de telefonia VoIP. “Esse produto, na verdade, é uma máscara. As pessoas aderem planos que dão direito a certo número de divulgações. As que já estão inseridas no esquema precisam convidar outras pessoas, que também vão investir dinheiro e isso vai sustentando que o convidou. Mas vai chega uma hora que não dá para incluir mais ninguém na base e a pirâmide rui, gerando muitos prejuízos. Só não tem prejuízo que está no topo, que já ganhou muito dinheiro”, explicou.

As primeiras informações sobre o esquema surgiram no estado do Paraná e depois foram enviadas para o Espírito Santo, onde está localizada a sede da empresa. De acordo com a delegada, há indicativos que a Telexfree age em pelo menos seis estados, mas esse número ainda pode aumentar. “Ainda estamos no início das investigações por aqui. As pessoas envolvidas, que são responsáveis por esse esquema ilegal ou que sabem que se trata de algo proibido, podem se enquadrar nos casos de crime contra a economia popular, crime de induzimento à especulação, e no decorrer das investigações ainda podem ser descobertos outros”, disse.

Pirâmide financeira

De acordo com o Ministério da Justiça, o processo de investigação ainda está em fase inicial e por esta razão não é possível informar detalhes sobre o assunto. O MJ adiantou que a apuração é realizada pela Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon), do órgão federal que investiga crimes contra a economia popular e desrespeito a regras do Código de Defesa do Consumidor. Ainda segundo o Ministério, a empresa é investigada pelo modelo de negócios empregados que se assemelha ao esquema de pirâmide financeira.

No golpe, o divulgador faz um pagamento e tem a promessa de recompensa vinda do recrutamento de outras pessoas. No final, o dinheiro percorre a pirâmide e, apenas os indivíduos que estão na ponta do negócio – o idealizador e poucos investidores – ganham, trapaceando seguidores. As pessoas que estão na base do esquema assinam o plano, mas não são capazes de recrutar seguidores.

Para o economista e membro do Conselho de Economia do Espírito Santo, Sebastião Ballarini, esse tipo de fraude sempre existiu, mas atualmente ganhou força com a internet. “Alguém lança uma ideia e os primeiros que entram no esquema ganham com aqueles que vêm depois. Aqueles que fazem parte do topo da pirâmide servem de chamariz para os outros. O negócio é vender o que não tem”, explicou Ballarini.

O advogado da Telexfree, Horst Fuchs , nega que a empresa se enquadra no esquema criminoso da pirâmide financeira. “Usamos o sistema de ‘marketing multinível’ que é totalmente lícito. No nosso negócio uma pessoa comum tem um contrato limitado de um ano e para ganhar dinheiro é preciso anunciar o produto. Se não fizer isso, pode não ganhar nada. Na pirâmide, os últimos a entrar no negócio trabalham para enriquecer os primeiros, que já estão com os braços cruzados”, explicou o advogado.

Empresa

De acordo com o advogado, a Telexfree foi idealizada por um especialista em marketing, o capixaba Carlos Costa, e inaugurada em fevereiro de 2012, no Boulevard da Praia, em Vitória. Atualmente, a empresa tem aproximadamente 100 funcionários, tem sede oficial no Espírito Santo e está presente em 40 países, como EUA, México, Espanha, Portugal e Canadá.

Fuchs  explicou que a empresa trabalha com o serviço de telefonia via internet, chamada VoIP (voz sobre IP). Para isso, recruta pessoas que publicam anúncios do produto em redes sociais e sites e recebem dinheiro com esse negócio. “Uma pessoa qualquer compra pacotes com contas VoIP e revendem cada conta pelo dobro do preço. Quanto mais pacotes, mais linhas e, consequentemente, mais retorno financeiro. Por exemplo, o indivíduo compra um pacote com 10 contas por U$ 289 (dólares), ou seja, U$S 28,90 cada, e pode revender cada uma linha por até U$S 49,90. Obtendo assim, quase 100 % de lucro. Essas contas, podem ser comparadas com créditos de celular vendidos normalmente pelas cidades, a diferença é que as pessoas podem ligar, por um mês, para telefones fixos e móveis do Brasil e para os 40 países que possuem o sistema VoIP”, detalhou o advogado da Telexfree.

O advogado disse que as pessoas que entram nesse negócio são conhecidos como divulgadores. No mundo, existem mais de 600, desses, 90% são brasileiros. Para ser um divulgador é necessário usar o CPF e pagar uma taxa de adesão de U$ 50 (em média R$ 100).  Em casos raros, o divulgador consegue vender muitas contas e consegue arrecadar até R$ 1 milhão em apenas um ano. “Para isso é preciso um grande desempenho e vocação para vender. Nossos grandes divulgadores não trabalham sozinhos, contratam uma equipe e se dedicam a vender as contas Voip. Já a maioria, trabalham sozinhas e conseguem uma renda mensal de R$ 4 a 8 mil”, disse.

Vale destacar que ao comprar o pacote com as contas, o divulgador deposita o valor em um conta bancária da Telexfree, mas ao vender cada linha da telefonia, o divulgador por negociar da melhor forma que convir com o seu cliente. “Uns abrem contas em bancos para receber, outras preferem cheques, e tem aqueles que anotam em cadernetas ou papeis”, explicou Horst Fuchs .

 

 

Por: Juirana Nobres, Juliana Borges e Leandro Nossa

(Fonte: G1)

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