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Contas para BR-262 ser viável não fecharam, afirmam consórcios

O governo pretende recolocar a BR-262 em processo de licitação, segundo a ministra, e acredita que a concessão ainda pode ser viabilizada.

Custos subestimados e risco político afastaram interesse por trecho. Governo ainda estuda futuro da rodovia que liga ES a MG.

 

Representantes dos consórcios participantes do leilão da BR-050, que foi arrematado com uma proposta de tarifa de pedágio 42,38% menor que o teto fixado pelo governo, afirmaram nesta quarta-feira (18) que entre os motivos que levaram os grupos a não se interessar pelo trecho da BR-262 entre Espírito Santo e Minas Gerais estão custos subestimados e risco político. O G1 conseguiu falar com três dos oito grupos que apresentaram propostas para a BR-050 mas não se interessaram pela BR-262.


Rafael Salazar, diretor da Área de Concessões do consórcio Rodovia do Sertão, afirmou que a BR-262 é uma rodovia cujo plano de negócios “se mostrou inviável”. “As obras estavam subestimadas. O valor para a duplicação estava abaixo em relação ao que a gente considerava necessário”, afirmou. Para corrigir o problema do valor subestimado, na opinião de Salazar, era preciso aumentar a tarifa do pedágio ou aumentar a quantidade de obras executadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). “Essas são as soluções para tornar a rodovia viável economicamente”, disse.


O problema de custos subestimados também foi mencionado pelo representante de outro consórcio participante, que preferiu não se identificar. Ele limitou-se a dizer que “as contas não fecharam”. Já Carlos Eduardo Prado, gestor do consórcio Planalto – que venceu o leilão da BR-050 – citou o “risco Dnit” como um dos entraves no caso da BR-262. “Você tinha o ‘risco Dnit’. A gente não duvida do Estado, mas a velocidade do Estado pode ser diferente, o que impacta na performance”, afirmou.

 

O Dnit é responsável por algumas das obras na BR-262 e o setor teme o atraso na entrega desses trechos.

 

Incertezas

Prado também mencionou o “efeito político da bancada do Espírito Santo”. Isso porque a bancada federal capixaba vinha pedindo mudanças na concessão da BR-262, principalmente com relação à cobrança de pedágios. “Você já começa com uma incerteza que não sabe como vai se desdobrar. Você é cobrado por uma situação que não controla, então esse é o risco político. Se todo mundo é a favor, ajuda, mas se tem alguém contra, você para para pensar, pois a situação pode ficar mais complicada”, disse o gestor do consórcio Planalto.


Além disso, Prado afirmou que, ao estudar o edital do leilão das duas rodovias oferecidas pelo governo nesta quarta, o grupo percebeu que “o investimento da BR-262 tinha mais interferência que o da BR-050”. Pesou ainda contra a rodovia que liga o Espírito Santo a Minas Gerais o fato de essa ser uma região “mais complicada em termos de engenharia”, disse. “Isso foi um fator determinante em comparação com a BR-050. Não é que o custo foi subestimado, é que havia muito mais incertezas do que a outra rodovia”, acrescentou Prado.


BR-262 pode voltar a leilão

O governo, porém, ainda não desistiu de leiloar a rodovia. A presidente Dilma Rousseff anunciou na terça-feira (17) que fará uma “reavaliação grande” nas concessões e que o Ministério dos Transportes decidiu rever o cronograma. Além disso, a partir de agora, os trechos serão leiloados individualmente, em vez de dois por vez, como estava planejado anteriormente.

 

Nesta quarta, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, afirmou que as empresas que participaram do leilão da rodovia BR-050, mas não arremataram a concessão, podem ser “potenciais interessadas” na BR-262. O governo pretende recolocar a BR-262 em processo de licitação, segundo a ministra, e acredita que a concessão ainda pode ser viabilizada.


“Eu acredito que muitos daqueles que estavam interessados na BR-050, que participaram do leilão e não tiveram a sua proposta vencedora, podem ser potenciais interessados na BR-262. Então acredito que também é uma rodovia que pode ser viabilizada”, disse a ministra, durante entrevista no Palácio do Planalto. A opinião é compartilhada pelo ministro dos Transportes, César Borges. “Hoje nós verificamos que, dos oito interessados, apenas o Planalto está aqui sorrindo e satisfeito. Temos outros sete concorrentes que estão, talvez, ávidos a participar do processo (de leilão da BR-262)”, disse, em coletiva de imprensa após leilão da BR-050. “Os consórcios que ficarem de fora (de novas rodovias licitadas) vão ficar com mais apetite.”


Segundo o ministro, já teve início uma segunda rodada de conversa com os empresários a respeito da rodovia que liga Espírito Santo a Minas. “Se conseguirmos eliminar esses obstáculos, poderemos voltar com a BR-262. Tomaremos essa decisão em breve. Poderá voltar, basta reabrir o prazo de propostas, ou eventualmente não.”

 

Programa de privatizações

Lançado pelo governo federal em agosto do ano passado, o pacote de concessões de rodovias integra um programa de leilões de infraestrutura estimado em cerca de R$ 500 bilhões em investimentos, principal aposta da presidente Dilma Rousseff para acelerar o crescimento do país e destravar os gargalos de logística. Somente o Programa de Investimentos em Logística (IL) prevê a aplicação de R$ 133 bilhões na reforma e construção de rodovias federais e ferrovias.

 

(Fonte: G1)

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