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Cabral repartia obras no Rio antes do edital de licitação

Antes mesmo da publicação dos editais de licitação para grandes obras urbanas no Rio de Janeiro, o então governador Sérgio Cabral definia pessoalmente a quantidade de lotes, os consórcios que ficariam com cada um, os percentuais de participação das empresas e quem seria a líder da empreitada. A partir das diretrizes, representantes das companhias se reuniam para fazer o “acordo de mercado”, eufemismo para o jogo de cartas marcadas revelado em detalhes, inclusive com esquemas gráficos, na delação do ex-presidente de Infraestrutura da Odebrecht Benedicto Júnior.

A metodologia de Cabral foi implantada já nos primeiros meses do mandato, em 2007, com o PAC das Favelas e com o Arco Metropolitano, segundo Benedicto. No caso do Arco, porém, as definições do governador causaram desconforto entre as empresas participantes do cartel, que não se entenderam sobre qual lote cada uma executaria. Foi preciso realizar um “sorteio” para definir as participações, em reunião que contou com a presença de altos executivos de empreiteiras.

O encontro, segundo descrição de Benedicto Júnior, foi realizado em 16 de abril de 2007 na sede da Construtora Odebrecht no Rio, em Botafogo. Ele apresentou ao Ministério Público Federal o controle de acesso ao edifício do prédio para provar quem estava presente na reunião onde foram acertados os detalhes para fraudar a licitação do Arco Metropolitano.

Na ocasião, os executivos definiram as “propostas de cobertura”, ou seja, quanto cada uma apresentaria de valor para a obra na suposta concorrência, para garantir que determinado consórcio saísse vencedor com o preço mais baixo. O método da “cobertura” era usado em várias licitações que as companhias fraudaram por meio de cartel. A estratégia servia para garantir que o resultado da disputa saísse tal como planejado, sem levantar suspeitas de combinações entre os participantes.

— No momento em que defini que ia ficar na favela do Alemão, os outros dois consórcios me cobriram e eu fui cobrir os demais lotes (…) É o que chamamos de autocobertura. Como cada uma tem o seu (lote), você foge de uma competição — relatou Benedicto.

Outra engenhosidade para fraudar as licitações no Rio era a instituição de cláusulas específicas que barrassem outros interessados. Para garantir que a Odebrecht ganhasse as obras de urbanização da favela do Alemão, por exemplo, foi inserida no edital a condição de que o vencedor assumisse também o teleférico que seria criado no local. A companhia já tinha uma parceira francesa para cuidar do projeto.

(Fonte: Extra)

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