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Brasília é espelho da diversidade cultural

Porque nós, da capital da República, estamos restabelecendo tardiamente os laços entre a cultura brasileira e as culturas africanas, que são partes fundamentais da nossa matriz, da nossa formação, das nossas identidades culturais. Brasília chega tarde a esse debate. O Brasil começou a tratar disso no governo Lula, a partir de 2003. Nós perdemos quase dez anos fora da sintonia daquilo que o país passou a viver, quando nós, num certo sentido, redescobrimos nosso compromisso com o continente Africano. Esse é um outro foco da Bienal: trazemos como convidados nossos intelectuais vizinhos, dos países da América Latina. São escritores que vêm do México, da Nicarágua, de Cuba, do Peru, do Equador, do Chile. Estamos trabalhando no sentido de estabelecer a sintonia de Brasília com essa dinâmica que o país está vivendo há quase dez anos.

Que é conhecer seu passado e sua historia.

Conhecer o passado, a história, os seus vínculos com as culturas africana e latino-americana, sem deixar de perceber que nós temos a vocação conosco desde o nascimento. Brasília é uma cidade universalista. Então, nós trazemos também norte-americanos, europeus, asiáticos, indianos para que a gente devolva para a capital do país sua vocação cosmopolita.

E a entrada vai ser gratuita?

Essa é uma Bienal pública, o que reforça uma característica marcante do nosso governo: recuperar o papel do Estado como indutor dos processos culturais. Então, ninguém paga para entrar. A Bienal estará funcionando com entrada gratuita, as pessoas podem entrar, participar do debate, comprar livros e conversar com autores, que estarão, ao longo desses dias, à disposição dos cidadãos e cidadãs de Brasília. Será seguramente um momento de festa para a cidade.

O senhor também participará da Bienal, como mediador da mesa Fé, fanatismo e conflitos políticos no mundo atual, do Seminário Krisis, em um debate entre o teólogo Leonardo Boff e o escritor Tariq Ali, um ativista contra guerras. Será no dia 18 de abril. O que o senhor pensa sobre esses conflitos?

Esse tema está na programação da Bienal porque ele faz parte da agenda do mundo contemporâneo. Vamos abrir portas para uma oxigenação da cidade a partir dos debates sobre os grandes desafios pra o mundo. Essa temática ganhou relevância com muita força a partir de 11 de setembro e, muitas vezes, é recortada por clichês preconceituosos contra o mundo muçulmano a partir da brutalidade do atentado.

Ainda dentro dessa política de valorização de Brasília, há pouco tempo houve uma visita técnica da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Quais os desafios de proteger um patrimônio com essa dimensão?

Brasília é o único patrimônio tombado que foi construído no século XX. É a maior área entre aquelas que a Unesco reconhece como Patrimônio Mundial. Temos, no entanto, contradições importantes, porque essa é uma cidade viva e não engessada. Em 50 anos convertemos isso aqui numa metrópole. Brasília está cercada por uma população de 2,5 milhões de habitantes. Isso nos faz a terceira ou quarta metrópole do país, em um tempo recorde. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Salvador levaram séculos para alcançar a população que Brasília atingiu em 50 anos. Isso é muito desafiador. E Brasília é um polo de atração. É uma cidade planejada, com um certo contorno que precisa ser protegido, e com a qual nós precisamos aprender a conviver. Brasília não é apenas um monumento. Ela tem de ser tratada não como um mero destino turístico, mas como um destino turístico onde vivem e exercitam seus direitos cidadãos e cidadãs. Pessoas que estão aqui para construir suas vidas.

E como o senhor avalia a visita da Unesco?

Os consultores da Unesco tiveram acesso a todas as informações que desejaram e vão preparar um relatório. O governador, antes mesmo dessa visita, decretou 2012 como o Ano da Preservação e Valorização do Patrimônio. Isso nos ajuda institucionalmente a buscar recursos para que a gente reforme, reconstrua e preserve edificações. Por exemplo, estamos a meio caminho de um projeto que recupera um dos ícones da capital, do ponto de vista afetivo e também arquitetônico, que é o Cine Brasília. Nós realizamos a primeira etapa da reforma do Cine Brasília a impermeabilização e agora vamos, nos próximos dias, homologar a licitação para a segunda etapa dessa reforma, para que possamos devolver à cidade, ainda este ano, o Cine Brasília, que é um palácio do cinema na cidade, uma referência cultural muito importante. É a casa do Festival de Cinema, que completa 45 anos agora e é o mais antigo festival de cinema brasileiro do país. Ao recebermos a visita da Unesco, estamos conscientes, primeiro, da necessidade de preservação da nossa cidade. Segundo, do enorme desafio que isso significa. Em terceiro, que esse governo tem o compromisso de qualificar cada vez mais a arquitetura e o urbanismo de Brasília, para que ela continue merecendo a admiração que despertou no mundo.

O senhor lembrou esta semana, durante a abertura da exposição Mundo em Movimento: saberes tradicionais e novas tecnologias, no Memorial dos Povos Indígenas, que existe um compromisso firmado pelo governador Agnelo Queiroz de transformar Brasília em um reflexo da diversidade cultural do país. Seria uma forma de resgatar o orgulho do brasiliense pela sua cidade e de todo o Brasil por sua capital. Como a política de cultura para essa gestão prevê fazer isso?

Eu digo sempre que nós estamos vivendo, no governo Agnelo Queiroz, uma etapa de reconstrução institucional, de credibilidade e também física dos espaços. Reconstrução das políticas entre elas a das políticas públicas de cultura. A exposição Mundo em Movimento traz para a população de Brasília a rica diversidade cultural que as populações indígenas ofereceram e oferecem para o país ao longo desses 500 anos de história conflitiva nós não ignoramos isso. Em vários momentos esses 500 anos de história da relação entre a sociedade europeia colonizadora e as sociedades indígenas foram marcados por extermínio físico de populações e, em muitas outras ocasiões, por aquilo que nós podemos chamar de etnocídio. Quer dizer, essa submissão das culturas, da diversidade cultural das populações indígenas.

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