“Mas o cortejo teria de ser recíproco, dada a relação do Brasil com países como o Irã, de um lado, e de outro, o papel construtivo desempenhado em países como o Haiti.”
O assessor, que frisa que um governo republicano apoiaria a reforma da ONU, mas estaria “menos enamorado” de instituições multilaterais do que o de Barack Obama, não quis dar detalhes sobre as condições dessa “discussão”. Disse que estes só viriam uma vez que o republicano se elegesse.
Dada a preocupação com a crise econômica e o foco da política externa no Oriente Médio e na China, a América Latina tem sido um tema raramente abordado tanto por Obama quanto por Romney.
A relação de países da região com o regime de Mahmoud Ahmadinejad no Irã, porém, é uma preocupação do republicano, sobretudo no caso da Venezuela.
Ainda assim, o laço com Teerã não parece ser empecilho para a intensificação dos negócios com o Brasil, na visão da equipe republicana.
ACENOS
O maior pleito do candidato para a região, em discursos e debates, é aumentar os tratados de livre comércio.
Embora o instrumento não caiba ao Brasil (que teria que negociar um tratado junto com o Mercosul, incluindo a Venezuela), o país é objeto do desejo do empresariado americano, e Romney sabe disso.
“O maior objetivo é um movimento que melhore as relações comerciais com o Brasil. Existe [na equipe] consciência da importância do Brasil, é este o subtexto na mensagem de Romney de promover mais comércio na região”, afirma a fonte.
“Não precisa ser necessariamente um acordo de livre comércio. Nem todo namoro vira casamento.”
Entre as possibilidades estudadas estão três demandas do empresariado brasileiro –um tratado para evitar a bitributação de produtos e empresas nos dois países; a possibilidade de reduzir os subsídios nos EUA; e mecanismos que facilitem a entrada de produtos brasileiros.
A Embraer, que teve cancelada sua vitória em uma licitação para vender turboélices Super Tucano à Defesa americana, foi especificamente citada pela fonte.
O republicano defende ainda o Brasil como parceiro ativo no diálogo sobre narcotráfico e crimes transnacionais, problemas crescentes.
Também vê com bons olhos o programa Ciência Sem Fronteira, para aumentar o número de universitários do Brasil no exterior, mas não prevê que brasileiros sejam dispensados do visto.
Por: Luciana Coelho
(Fonte: Folha SP)