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Prefeitura de Salvador tem em caixa R$ 1 bilhão para execução de obras

Apenas a autorização da Caixa para iniciar o processo de licitação da obra.

O prefeito ACM Neto (DEM) caminha para fechar mais um ciclo frente à Prefeitura de Salvador: o segundo ano do seu primeiro mandato.

 

Em conversa com a Tribuna na última quinta, no Palácio Thomé de Souza, o chefe do Executivo soteropolitano destacou os avanços na prestação dos serviços públicos do seu governo e lembrou das intervenções feitas na capital nas áreas de Saúde, Educação e Infraestrutura.

 

Após chegar de uma visita ao bairro de São Caetano, onde despachou com parte do seu secretariado, o prefeito enalteceu o trabalho de ampliação e implantação das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), a revitalização da orla e o processo de mudança do sistema de transporte coletivo, que, a partir do ano que vem, terá uma das frotas mais novas do Brasil, com 700 novos veículos circulando pelas ruas da cidade.

 

Vale a pena conferir!

 

Tribuna da Bahia – Como o senhor avalia a prestação dos serviços públicos da prefeitura?

ACM Neto – Eu acho muito importante fazer a comparação com a Salvador de dois anos atrás. Quando a gente olha para lá, é impossível, mesmo para meus adversários, deixar de reconhecer os avanços significativos da prestação dos serviços públicos. Eu gosto de citar exemplos, muito mais que um exercício de retórica, os exemplos revelam todo esse esforço que vem sendo feito na prefeitura. Na área de Saúde: quando chegamos, Salvador tinha a pior cobertura de atenção básica de todo País. Apenas 18% da população. Tínhamos 104 equipes de Saúde da Família. Em menos de dois anos nós fomos a capital do Brasil que mais cresceu em atenção básica. Ao fim deste ano vamos alcançar o patamar de mais de 40% da população, mais do que o dobro. Também vamos chegar a mais de 200 equipes da Saúde da Família. Veja que tudo que foi feito ao longo da última década, nós conseguimos fazer mais do que é isso em menos de dois anos. Quando cheguei, Salvador tinha sob sua responsabilidade uma única UPA, que era a unidade de Periperi, que não funcionava, e nós colocamos para funcionar. Nós também já inauguramos a UPA de Valéria, San Martin, de Itapuã, Barris e vamos inaugurar a UPA de Brotas, Pirajá, São Cristovão e a UPA de Paripe. Hoje vamos ter oito unidades funcionando com qualidade, com serviço inegável. Se olharmos para a situação da limpeza, a cidade estava tomada pelo lixo, não tinha investimento nessa área e por conta disso passamos um primeiro ano muito difícil. Tivemos que enfrentar as empresas que prestam serviço e pegamos na unha, determinamos várias metas, até que o serviço melhorou e hoje tem um padrão muito mais aceitável pela população. Na educação, estamos com um processo que nunca fui visto de reconstrução de mais de 80 escolas da nossa cidade, a construção de 40 novos equipamentos, a implantação da educação em tempo integral. Outro assunto é a Guarda Municipal: quando eu cheguei, ela trabalhava num esquema de trabalhar 12 horas e folgar 60. Não tinha equipamento, treinamento, só tinha um veículo. Qualificamos, treinamos, armamos, tiramos ela apenas da segurança patrimonial e levamos para rua, compramos as unidades móveis, mais de 40 viaturas, um trabalho de aperfeiçoamento. Na própria Transalvador, as viaturas eram cerca de 40, caindo aos pedaços, as pessoas desmotivadas e nós não só renovamos, como ampliamos, significativamente, a frota, hoje são mais de 100 veículos, fardamento novo, treinamento de pessoal, enfim. Eu não tenho dúvida de que pra qualquer setor do serviço público que você olhe, você vai ver avanços significativos, repito, pelos números. Mas você pergunta: prefeito, já é o que você quer como ideal? Claro que não. Para aperfeiçoar tem que melhorar sempre, e o que é importante é que as conquistas são significativas e estão consolidando um novo padrão de administração para a cidade.

 

Tribuna – O que mais tira seu sono, prefeito? Falta de recurso para o que pretende fazer?

ACM Neto – Eu não diria isso não, pois, nesse aspecto, avançamos muito. Salvador estava completamente cheia de dívida, R$ 3 bilhões, inadimplências que impediam a cidade de firmar convênios, descrédito total. Hoje, graças a Deus, as contas estão equilibradas, a cidade voltou a ter capacidade de investir com recursos próprios. Hoje eu tenho como disponibilidade de caixa algo em trono de mais de R$ 1 bilhão, por tanto, nesse aspecto, acho que todo esforço que foi feito, liderado por Mauro Ricardo, secretário da Fazenda, deu avanços importantíssimos. Veja que toda essa melhoria dos serviços públicos, toda recuperação da infra da cidade, as praças, quadras e campos, encostas, limpeza de canais, escadarias, asfalto, a orla, tudo isso é com recursos próprios e não há um centavo do governo estadual e federal.

 

Tribuna – O que acontecerá com a ligação Lapa-Iguatemi? Existe algum tipo de boicote do governo federal na demora de autorizarem o BRT?

ACM Neto – Eu acho que a gente tem até o fim de dezembro para chegar a uma conclusão se foi apenas o ajuste burocrático, principalmente com a Caixa Econômica Federal, ou se há, por trás disso, alguma determinação política. Eu não quero ainda carimbar pra dizer que existe a perseguição. Prefiro aguardar. Eu acho que a gente tem um prazo de até o fim de ano. A prefeitura cumpriu todas suas obrigações: aprovou o projeto do Ministério das Cidades e encaminhou ele para Caixa. A prefeitura realizou todo o processo de licenciamento ambiental, realizou o edital de pré-requalificação e agora, o que aguardamos? Apenas a autorização da Caixa para iniciar o processo de licitação da obra. A Caixa vinha apontado a necessidade de um acordo com o governo do estado sobre a integração na Estação Iguatemi, onde o BRT encontra com o metrô, e eu já disse ao governo que assumo os custos desse viaduto a mais que vai ter que ser construído para garantir a integração. A prefeitura fará com recursos próprios. Não há mais nenhum entrave ou dúvida sobre o assunto. Estamos aguardando o governo do estado dar o de acordo para a Caixa e, segundo ela, após essa certeza, a licitação será autorizada. Evidente que se houve algum problema ou algum novo atraso pelos outros governos, eu vou reunir a imprensa e vou falar abertamente o que está acontecendo.

 

Tribuna – Sobre a licitação da Lapa. O que será feito no local e se conseguirá inaugurá-la até 2016…

ACM Neto – Nós temos ali duas etapas de projetos: uma é a reestruturação da estação como uma estação de transbordo, e essa sim será inaugurada até 2016, o que significa dizer que o cidadão, usuário, já a partir de 2015, vai perceber as mudanças significativas que vão acontecer lá. O outro projeto, que é o do shopping center que será construído em cima da estação e, é, digamos, a contrapartida do município para o concessionário vencedor, esse não estará pronto até 2016. Mas o que interessa ao usuário do ônibus, ao cidadão, que é ter uma estação da Lapa segura, limpa, iluminada, com escadas rolantes todas funcionando, ordenada, com informação de horário de chegada e saída dos ônibus, tudo isso já a partir do ano que vem vai ser realidade em Salvador.

 

Tribuna – Licitação dos ônibus foi concluída. Quando a população vai realmente perceber a mudança da prestação do serviço e uma melhoria no sistema?

ACM Neto – A partir de janeiro. Devemos receber 700 novos ônibus na cidade. Vai ser a maior renovação de frota que Salvador já viu. Nós também vamos ter os ônibus acompanhados por GPS, o que vai permitir o usuário acompanhar onde está o seu ônibus, que horas ele pode chegar no ponto, para que ele possa se programar para isso. Também, a partir do ano que vem, vamos ter apenas três bacias. Isso vai dar muito mais clareza ao usuário. Serão três tipos e não mais 20 poucos tipos de ônibus. Também, com a chegada dessas novas linhas e veículos, vamos conseguir suprir um problema fruto da falência de duas empresas que gerou uma diminuição de números de ônibus rodando na cidade. Por mais que as empresas atuais tenham absolvido essas linhas, isso só vai ser melhorado no ano que vem. Além de tudo isso, já estamos fazendo o estudo de revisão das linhas da cidade, porém há uma determinação minha para que isso seja aplicado com toda cautela e ao longo do tempo de maneira gradativa. A gente sabe que as pessoas estão acostumadas a sair de sua casa e chegar ao trabalho com aquela determinada linha. Não podemos mudar da noite para o dia, sem antes comunicar e ter um processo de preparação e educação de todas as pessoas.

 

Tribuna – Sobre a recuperação da Orla, quando sairão as etapas do Rio Vermelho, Pituaçu e qual a sua expectativa para essa parte da cidade?

ACM Neto – Eu vou começar com o subúrbio até a orla norte da cidade. Houve um atraso, pois o projeto de lá é muito complexo e envolvia muitas interferências com a Coelba e Embasa e não dava para fazer algo malfeito. A partir desta semana publicamos e as obras que devem começar em no máximo 100 dias. Estamos em obras no Jardim de Alah, em Piatã, em Itapuã… Entregamos a Boca do Rio, no ano passado, e falando do Aeroclube, porque está na orla, as obras do parque já começaram e a nossa expectativa é que seja concedido em janeiro o alvará para a construção do shopping, e eu exigi que mesmo antes fosse inicia a obra do parque e já começou. Esse conjunto compõe o primeiro trecho de orla de Salvador. O segundo grupo de intervenções começa no ano que vem. Daí incluímos: orla da Boa Viagem, Canta Galo; o segundo trecho da Barra já está sendo licitado e há participação de recursos federais: vamos fazer do Barra Center até a Praia da Paciência em duas etapas. E todas outras áreas, como Stella Maris, Praia do Flamengo e, até o fim de 2016, todo esse conjunto deverá ser recuperado. Eu não tenho dúvida que em 2016 a capital terá outra orla e, na verdade, já começou a ter, e as pessoas estão vendo e aproveitando. Os moradores de São Tomé de Paripe, Ribeira, Barra, estão muitos felizes. O cronograma está indo de vento em popa.

 

Tribuna – Avanços na área de Educação ainda são tímidos e não percebidos. O “Alfa e Beto” não funcionou em Salvador?

ACM Neto – Os avanços da Educação para serem consistentes e reais, eles não podem ser percebidos em dois anos. Estamos fazendo uma mudança estrutural na Educação de Salvador. Ela não vai acontecer a curto prazo e não aceito e nem aceitarei nenhum tipo de medida que possa ser populista e trazer um floreio e não tenha consistência, uma medida sustentável. Estamos tranquilos. Vamos chegar em 2016 com uma educação de maior qualidade, bem estruturada. Estamos fazendo um esforço tremendo nesta direção. Repito: sem procurar olhar o curto prazo e sim o horizonte extenso. Temos vários desafios, que vão desde a educação infantil até o ensino em tempo integral. Tenho certeza que, com o conjunto de medidas, serão substantivos e, principalmente, consistentes.

 

Tribuna – O ritmo das grandes obras da cidade não tem sido percebido ainda. Vemos a mudança em várias ações, mas por que os projetos mais pujantes não saem do papel?

ACM Neto – Quais são? Depende do que você considera pujante, isso é relativo. Eu considero que uma das principais ações da prefeitura são as nossas UPAs. Muita gente acha que é extraordinário, por exemplo, olhar a Barra. Mas lá custou R$57 milhões, e cada UPA construída custa R$ 5 milhões a sua instalação, contudo sua manutenção é de R$ 1,5 milhão por mês para a cidade. Se levar em consideração que teremos oito unidades em funcionamento, são R$ 160 milhões. Isso são mais de três Barras por ano. E o impacto disso é na vida de quem? Da pessoa mais pobre e que mais precisa. Salvador já investiu R$ 200 milhões na recuperação de asfalto, não só nos grandes centros, mas nos bairros populares e pequenas ruas das áreas mais pobres. Nunca foi investido tanto. R$ 200 milhões é muito mais do que o governo do estado fez nos viadutos da Paralela. Isso, pra mim, é um grande investimento, e olha que não falo das orlas, todas. E de outro conjunto que, às vezes, só quem mora no bairro pobre que tá tendo o benefício é quem sabe: melhoria na iluminação. Se de um lado a gente faz a iluminação em LED nas principais avenidas, do outro lado estamos nos bairros populares levando iluminação nas áreas mais violentas da cidade. Então eu acho que temos um conjunto e volume de intervenções que Salvador nunca viu. Estamos construindo, por exemplo, a ligação Cajazeiras – Valéria, que somente ela, que vai ser a maior avenida dos últimos anos, custará R$ 50 milhões. Tem grandes obras em curso e eu diria que o conjunto do que está sendo feito é o que tem impacto. Às vezes as pessoas só olham para a Barra, mas o que gastamos na Saúde, Educação, na Infraestrutura, isso tem impacto orçamentário muito maior e tem uma dispersão na cidade muito mais significativa.

 

Tribuna – Já é possível perceber mudanças no trânsito, principalmente na melhoria da fluidez, mas qual a avaliação que o senhor faz e o maior gargalo a ser atacado?

ACM Neto – Estamos primeiro fazendo um conjunto de obras pontuais e de intervenções que vão ter impactos na cidade. A mudança de todo trânsito no Iguatemi, por exemplo. As pessoas que passam naquela região estão vendo a quantidade de obras que estamos fazendo. Na Paulo VI com repercussão e impacto inquestionáveis, as obras em Pirajá em que vamos melhorar muito o fluxo lá; Cajazeiras terá um impacto positivo nas intervenções que faremos lá; a duplicação da Baixa do Fiscal que já está em obra; e a integração entre Calçada e Subúrbio vai ser muito mais fluida e mais tranquila. Até o fim de dezembro terá a entrega da Ladeira do Cacau em São Caetano, um problema sério que acabou represando o trânsito de lá, e quando liberarmos vai facilitar muito. A recuperação dos planos inclinados da Calçada e Liberdade; o plano Gonçalves funcionando, o Elevador Lacerda também, o plano Pilar em recuperação, então tudo isso contribui para o trânsito da cidade. Outras ações estão programadas e nós estamos iniciando o processo de licitação do centro de operações integradas. Vamos ter no ano que vem, funcionando, o sistema de semáforos inteligentes, controlados em tempo real e acompanhados por cerca de 250 câmeras espalhadas em toda cidade com o objetivo principal de dar suporte à fluidez do trânsito. Tudo isso, é claro, tem que surgir combinado com as obras de mobilidade, parte delas tocadas pelo governo federal e estadual e também pela prefeitura, sendo que nossa aposta é o BRT, onde esperamos, no começo do ano que vem.

 

Tribuna – A empresa para gerir as parcerias público- privadas? Tem alguma previsão de quando sairá do papel?

ACM Neto – A empresa foi autorizada sua criação pela Câmara de Vereadores e não é para gerir PPP, mas para administrar os ativos da prefeitura. As PPPs são tocadas pela Casa Civil. Nós temos um grupo que toca as PPPs. E a primeira delas, já estruturada, é a do Hospital Municipal. Temos, apenas, que tomar a decisão se a parceria do hospital vai envolver obra e equipamento e operação ou só equipamento e operação, o que traz para a prefeitura a responsabilidade de fazer a obra pública. Vamos tomar essa decisão até o fim do ano. Temos estruturação de PPP na área de iluminação e estamos estudando para a educação. A constituição ou não da empresa vai depender da necessidade que o desenrolar dessas parcerias demonstrem. Na medida que a primeira PPP estiver estruturada, se ela demonstrar que é preciso que exista a empresa, para gerir as garantias dos ativos da prefeitura, nós vamos constituir a empresa.

 

Tribuna – Prefeito, e a provável reforma do seu secretariado… Mauro Ricardo sai ou fica na Fazenda? Guilherme Bellintani vai para Educação? O que temos de expectativa de mudança no governo e na própria máquina administrativa?

ACM Neto – Essa fulanização hoje não passa de especulação, pois da minha parte não tem nada resolvido. Eu procuro primeiro entender o que é melhor para a cidade. Quando venci a prefeitura, na transição, anunciei que faria duas reformas administrativas. Uma antes de assumir, fruto da experiência eleitoral e fruto do trabalho da equipe de governo e equipe de transição, mas eu já havia anunciado que depois que assumíssemos e a gente conhecesse a máquina como um todo e onde estavam os gargalos faríamos uma outra que está sendo preparada. Montei um grupo interno na prefeitura que está trabalhando diretamente comigo para organizar um novo modelo administrativo. Que tanto pode envolver desmembramento de funções e cargos como podem significar mudanças internas nas estruturas de cada uma das secretarias, como por exemplo, da de Educação. Foi feito um trabalho de reorganização da gestão da secretaria e essa reorganização será incorporada na reforma. A secretaria continua existindo, mas, internamente, será redesenhada fruto do trabalho e estudo feito. Esse é nosso ponto de partida: partir do principio de que precisamos ter uma prefeitura mais ajustada às necessidades do cidadão e mais preparada para prover as demandas do cidadão. Ficou decidido também que se o grupo propõe um novo cargo, deve propor a extinção de outro. O impacto financeiro deverá ser zero.

 

Tribuna – Vamos agora à política. Como o senhor avalia o resultado das urnas e o que atribui à derrota, já que a oposição sequer chegou ao segundo turno na Bahia?

ACM Neto – Primeiro avalio como a vontade majoritária do povo baiano, que eu tenho que respeitar e considerar justa e legítima. Democrata que sou, jamais questionaria o resultado das eleições. Eu parabenizei o governador eleito Rui Costa, por sua vitória, e disse claramente, naquele momento, no meu ponto de vista, que a eleição tinha acabado, reconhecíamos a legitimidade do governador eleito e estávamos prontos para construirmos um trabalho administrativo com o governo, e essa é minha posição. Atribuir a esse ou aquele fator é você tentar minimizar, simplificar ou reduzir um conjunto de coisas que acabam sendo decisivas para o resultado das urnas, porém, se eu tivesse que apontar um aspecto que teve um peso destacado aos demais, eu diria que foi a força do governo federal na Bahia. O resultado é extremamente expressivo que a candidata Dilma teve, agora presidente reeleita, na Bahia, acabou puxando e alavancando seu candidato aqui que foi o Rui. Se tivéssemos que buscar uma principal explicação, que não é a única, para um conjunto de fatores.

 

Tribuna – Como o senhor vê o comentário dos governistas e aliados do PT de que a oposição saiu pequena das urnas?

ACM Neto – Eu acho que são comentários arrogantes e descasados com a realidade dos fotos. Eu gosto sempre de trabalhar com números. Há quatro anos, em 2010, Paulo Souto teve em torno de 16% dos votos e agora teve 38% na Bahia. Se você for ver Salvador na eleição passada, ele teve 15% dos votos e agora teve 41%, empatando com Rui. Os números não me deixam mentir, basta você ver qual foi o desempenho em 2010 e comparar com 2014 que você vai ver um crescimento substantivo. Acho, inclusive, que o PT deve ter, nesse momento, mais humildade para reconhecer que a hora, seja no plano federal, seja o plano estadual, de introduzir mudanças importantes no jeito de governar para que o recado dado nas urnas, de um Brasil dividido ao meio, ele posde significar um governo mais eficiente e mais próximo de uma política contemporânea. Terá muito mais eficiência e será muito mais importante que o PT contribua fazendo uma autocrítica, tendo humildade, saindo do palanque e descendo do salto, para reconhecer que o Brasil está dividido e que hoje temos uma oposição forte e que tem eco nas ruas e respaldo na rua com lideres e lideranças. É muito melhor o PT reconhecer isso do que continuar insistindo nos erros e acabar pagando um preço que não é só dele, mas de todo país.

 

Tribuna – A relação com o governo Rui, como se dará? Acredita que vai estabelecer parâmetros melhores do que foram com o governo Wagner?

ACM Neto – No que depender de mim, sim. Eu, de forma evidente, não tenho nenhum problema pessoal com o governador. Nós estivemos em campos opostos no processo político eleitoral, o que é da democracia. Em, em 2012, enfrentei isso. O PT fez uma campanha baixa, pesada, agressiva contra mim. Eu venci as eleições e logo no dia seguinte liguei para o governador Wagner dizendo: estou aqui a disposição para construir um trabalho de parceria. Não só isso foi no meu discurso, como foi na minha prática. Vieram a eleição e as provocações do lado de lá. Fico muito tranquilo, pois não iniciei nenhuma polêmica. Eu não dei o primeiro passo em nenhuma disputa ou divergência. Agora, achar que eu vou ficar calado, de cabeça baixa, sem reagir é não me conhecer. Minha relação tem que ser no sentido de sempre defender a cidade quando eu sinto que os interesses dela estão em jogo, como foi o caso da Entidade Metropolitana, com uma tentativa de interferência absurda nas competências municipais. Mas eu espero que a relação possa ser harmônica, dentro de um padrão de absoluta civilidade, de respeito administrativo, reconhecimento das competências e obrigações de cada um dos entes federados. Só não será assim se o governador não quiser, e da minha parte é essa a minha disposição.

 

Tribuna – A eleição de 2016 já entrou na pauta e nos bastidores políticos. Qual sua expectativa? Vai chegar fortalecido?

ACM Neto – Eu não admito falar em 2016 agora. Acabamos de sair de uma eleição. Os recém-eleitos sequer tomaram posse. Então seria uma irresponsabilidade tratar de 2016. Eu acho que existem políticos que são obcecados pelo poder. Olham o poder pelo poder. Não é o meu caso. A minha obsessão é por servir da melhor forma possível a minha cidade como sei que venho servindo, é chegar em 2016 e ter cumprindo meus compromissos que assumi em 2012; mas não apenas isso, é ter o respeito e a confiança dos soteropolitanos pelo trabalho que realizei. O reconhecimento de que fui ao limite de minhas forças para fazer o melhor pela cidade. É a única coisa que eu quero. Não trato de eleição e não tratarei dela antes da hora.

 

Tribuna – Um novo cenário começa a se delinear na Câmara de Vereadores. Teme uma oposição mais acirrada a partir de agora?

ACM Neto – A composição da Câmara permanece a mesma. Não há grandes mudanças. Os vereadores que se tornaram deputados foram substituídos por outros que seguem uma mesma linha política. Não vai ter mudanças. Minha relação com a Câmara é a melhor possível, não posso fazer uma vírgula de reparo com a relação que tenho com ela. No começo do meu governo se especulava muito, falou-se de futricas, principalmente dos bastidores, que seria tensa, complicada… pelo contrário. Acho que mudei a relação do Executivo com o Legislativo. Trouxe para um parâmetro de decência e respeito. Vereador hoje é respeitado, tem indicação dele das obras e projetos. Tem o debate com a prefeitura, o que não havia no passado. Eu tenho toda a confiança que essa relação vai se manter no melhor padrão possível.

 

Tribuna – A eleição da Câmara vai ter sua interferência? Paulo Câmara terá seu apoio?

ACM Neto – Eu fui deputado por dez anos. Eu condenei qualquer tentativa de interferência do Executivo nas eleições do Legislativo. Eu não posso ter tido um discurso no passado e ter uma prática diferente no presente. Quando digo da minha base, porque é a majoritária e não é desmerecendo a oposição. É natural que a base almeje que um deles seja o escolhido, qualquer um deles, qualquer um dos partidos tem e terá, na frente, depois de eleito melhor relação e trabalho comigo.

 

Tribuna – Existem muitos rumores de crise com o PTN. O senhor pretende dar uma secretaria ao partido ou apoiará o pleito deles para a presidência da Câmara?

ACM Neto – Engraçado, mas eu acho que sobre os rumores deve-se perguntar ao PTN. Essa semana eu conversei com os cinco vereadores do partido, individualmente. Ainda conversarei com o presidente do partido, o deputado João Carlos Bacelar (PTN), que é meu parceiro e amigo. Tenho relação com o partido desde 2004, quando a sigla foi estruturada para apoiar a candidatura de Bacelar para vereador. De lá pra cá ele só veio crescendo ao meu lado. O PTN, que começou com dois vereadores na Câmara, hoje tem cinco vereadores, tem três deputados estaduais e um federal eleito. E esse crescimento veio da composição de nosso projeto. A minha relação com o PTN e seus membros extrapola o campo político. Nenhum deles veio me dizer que tem crise. Todos reafirmam que querem marchar ao nosso lado.

 

Tribuna – E a aproximação do PTN com o PT na Assembleia?

ACM Neto – Não vou falar pelos deputados. Eu não vou fazer política estadual, não vou falar sobre eles. O que vai acontecer na Assembleia Legislativa vai depender da política estadual, e não compete a mim. Ao contrário dos que muito especulam, eu reafirmo que não vou fazer a política estadual. Tudo meu é com Salvador. Nesse momento, minha preocupação é com a cidade. Quando tiver a discussão do campo político, em 2016, voltaremos a falar de eleição. O foco é Salvador.

 

Tribuna – O senhor acredita que o governo Dilma terá dificuldade para construir uma agenda positiva para o país?

ACM Neto – Vai depender. Eu torço, como cidadão, para que ela possa, agora, já que ela não precisa se preocupar com uma reeleição quatros anos a frente, quebrar, de uma vez por todas, com essa estrutura que o PT montou no plano federal: troca de cargos, do toma lá da cá, do loteamento político. Estamos vendo os escândalos. O petrolão é o maior exemplo disso. Quando você abre espaço para que os partidos indiquem diretores de uma estatal, que não eram os mais qualificados e gabaritados. O maior escândalo de corrupção da história do mundo, não só do Brasil. Já se percebe que nenhum outro escândalo de corrupção envolveu um volume tão grande de dinheiro desviado como o da Petrobras. Espero que ela possa romper com isso e acabe esse clientelismo e mude sua relação com o Congresso Nacional e procure pautar sua relação com ele a partir de temas, inclusive com diálogos com a oposição. Se a presidente quiser, a oposição poderá ajudá-la. Só não vai ajudar e se manter no combate intenso se ela não conseguir se desamarrar desse esquema que foi montado desde 2003, quando o PT chegou ao poder. Eu acho que Dilma agora tem essa chance e eu, como cidadão, torço para que isso aconteça, e como integrante de um partido de oposição, tenho defendido que se estendam as mãos ao governo, caso ele queira fazer as mudanças que o Brasil precisa.

 

Tribuna – E a fusão do DEM? O que existe de concreto sobre o assunto?

ACM Neto – De concreto não existe nada. Eu não posso omitir uma informação que é real, de que existem conversas internas no partido, no sentindo que a sigla precisa e deve buscar um crescimento. Qual é o caminho? Não está ainda claro. Se é por fusão, se é por mobilização, incorporação… existem muitas teses.

 

Tribuna – Algum prazo?

ACM Neto – Não tem e nem pode ter pressa. O mais importante agora é não ter pressa. Há sim um conjunto de debates para avaliar quais são os caminhos e tenho procurado acompanhar a distância porque esses debates acontecem mais em Brasília, então a cargo de José Agripino, presidente da agremiação e de Mendonça Filho, nosso líder na Câmara dos Deputados, eles estão articulando as conversas e claro a gente se fala por telefone e me informam o que está acontecendo, mas não é uma pauta de vida ou morte do partido e muito menos pode ser conduzida sem a devida diligência. Não há pressa.

 

Tribuna – Que mensagem o senhor deixa para os soteropolitanos?

ACM Neto – Uma mensagem de otimismo, de pedir muita confiança e só posso agradecer, na verdade. Eu governo nos bairros e nas ruas.  Hoje, antes dessa entrevista, eu estava em São Caetano, fazendo a visita do posto de saúde, depois fui a uma escola e já começamos as obras de reforma da escola. Hoje, em qualquer lugar que a gente vai na cidade tem uma obra da prefeitura e tem uma intervenção dela. E todos podem ver isso claramente e há essa percepção do cidadão e isso se expressa na confiança que captamos nas ruas e no carinho do reconhecimento ao nosso trabalho. O que eu posso garantir é que a cada dia vou procurar trabalhar mais e fazer uma prefeitura melhor. Procurar aperfeiçoar a nossa gestão, pois desde o primeiro dia que assumi até hoje eu acho que essa tem sido uma busca até o último dia do meu mandato, até 31 de dezembro de 2016. Eu sei que a medida que à cidade melhora, e até  nossos adversários tem que admitir isso, as pessoas ficam mais felizes e confiantes com seu futuro.

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