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Prefeitura de Campinas abre licitação para captura e esterilização de capivaras

Objetivo é controlar a população que vive nos parques da cidade e reduzir riscos da febre maculosa

A Prefeitura de Campinas anunciou na quarta-feira (17), por meio de um comunicado à imprensa, que realizará o manejo e a esterilização das capivaras que habitam atualmente os parques públicos da cidade. A decisão é respaldada pelo fato de que os animais são hospedeiros do carrapato-estrela, vetor da febre maculosa. A doença causou a morte de sete pessoas em 2023.

Aproximadamente 200 animais devem passar pelo procedimento, que será dividido em dois editais. O primeiro, publicado na edição de quarta-feira (17) do Diário Oficial do Município, se refere ao serviço médico veterinário de vasectomia e salpingectomia (cirurgia de extirpação completa ou parcial da salpinge, a tuba uterina). O segundo edital, que deve ser publicado na edição desta quinta-feira (18) do Diário Oficial, será para a prestação de serviços de captura dos animais, alocação em área de manejo, alimentação diária e posterior devolução aos seus parques de origem. A abertura da sessão pública do pregão eletrônico do edital de captura dos animais será no dia 1º de fevereiro, às 10h. No dia seguinte, no mesmo horário, acontecerá a sessão pública do segundo edital.

O secretário do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Rogério Menezes, destacou a importância de fazer o manejo das capivaras para o controle de população desses animais silvestres.

“Com a contratação das empresas para fazer o manejo e esterilização vamos fazer o controle de população desses animais. Com isso, vai ser possível diminuir os riscos de transmissão de febre maculosa, que é uma doença grave. A ação retrata o cuidado da Prefeitura com a qualidade do manejo dos animais silvestres e, acima de tudo, com a saúde da população que frequenta os parques públicos, tendo em vista a redução dos riscos da febre maculosa”, explicou o seretário.

Em 2022 foram confirmados 11 casos de febre maculosa em Campinas, sendo nove delas com transmissão no município. Houve registro de sete mortes. Já no ano passado, foram 10 casos confirmados, nove com transmissão no município e também com sete óbitos.

COMO VAI FUNCIONAR

De acordo com a nota, durante o procedimento, as capivaras que vivem livremente nos parques públicos serão capturadas, identificadas, microchipadas, alimentadas, examinadas e encaminhadas para um centro cirúrgico. Lá, elas serão esterilizadas. Os machos passarão por vasectomia e as fêmeas pela salpingectomia, antes de serem devolvidos ao local onde vivem.

A prestação de serviço para o manejo das capivaras envolve a captura, transporte, alocação em área de manejo, alimentação e devolução aos parques de origem. O custo unitário estimado é de R$ 2.470,00. Para a esterilização de cada animal, o valor individual é de R$ 2.725,00.

A ação está prevista para começar em maio, após definição das empresas, em 10 parques públicos: Lago do Café, Lagoa do Taquaral, Parque das Águas, Lagoas do Comando do Exército, Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, Lagoa do São Domingos, Parque Ecológico do Jambeiro, Lagoa da Escola de Cadetes, Parque Linear Ribeirão das Pedras e Parque Linear Lagoa do Mingone. Nesses locais haverá participação direta das secretarias de Saúde, Serviços Públicos, Verde e Desenvolvimento Sustentável e da Sanasa.

O trabalho é coordenado pelo Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses. No comitê é discutida a situação epidemiológica da cidade e, com isso, são desencadeadas as ações intersetoriais e apoio para as ações da Secretaria de Saúde. O grupo reúne 14 secretarias: Governo; Saúde; Educação; Serviços Públicos; Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Gestão e Desenvolvimento de Pessoas; Administração; Comunicação; Trabalho e Renda; Esportes e Lazer; Cultura e Turismo; Habitação; Relações Institucionais, e Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. Também participam Defesa Civil, Serviço 156, Rede Mário Gatti, Setec e Sanasa.

ESTERILIZAÇÃO MAIS EFETIVA QUE CASTRAÇÃO

O presidente da Associação Amigos dos Animais de Campinas, Flávio Lamas, enfatizou a eficácia da esterilização como estratégia para conter os casos de contaminação da doença na cidade. Ele explicou que essa opção é superior à castração, pois evita a alterações na dinâmica social entre os animais.

“O controle é muito importante para evitar o crescimento desordenado, já comum em dezenas de parques da cidade. A castração é complexa e altera a estrutura do animal. Já a vasectomia impede que ele tenha condição de reprodução, embora continue com as mesmas características. No bando, o “alfa”, normalmente o mais forte, continua na posição mesmo vasectomizado. Se for castrado, logo haverá disputa no bando para nova liderança”, explicou Lamas.

MAPEAMENTO

Após decretar surto da doença, que teve foco na Fazenda Santa Margarida, em Joaquim Egídio, em um evento que reuniu milhares de pessoas em junho do ano passado, a Prefeitura de Campinas adotou um conjunto de medidas de enfrentamento à doença. Entre eles, decreto com regras para estabelecimentos que realizam eventos com grandes públicos e que ficam em áreas de presença do carrapato-estrela, a intensificação de placas informativas em áreas de grande risco de contagio, como os parques públicos, e também o Projeto de Manejo e Esterilização de Capivaras nos Parques Públicos da cidade.

Na ocasião, o secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável destacou que objetivo principal do projeto é estabilizar a população de capivaras nos parques e tentar controlar a reprodução desses animais. Isso ocorre porque os indivíduos mais jovens têm maior probabilidade de serem parasitados por carrapatos infectados, o que pode resultar na presença de bactérias na corrente sanguínea, levando à disseminação da bactéria causadora da febre maculosa para outros carrapatos anteriormente não infectados.

O secretário do Verde afirmou que muita gente pensa que a esterilização pretendida tem como objetivo controlar o tamanho da população, porém ele explicou que é o próprio ambiente, com, por exemplo, a quantidade de alimento disponível para o animal, que faz esse controle. A quantidade de vegetação no local é proporcional ao número de capivaras.

“O nosso problema é quando a bactéria Rickettsia ricketsii cai no sangue do animal jovem, que acabou de nascer, e aí tem a bacteremia. Todo carrapato que estiver nesta capivara e entrar em contato com o sangue vai passar a transmitir a bactéria. A nossa preocupação é estabilizar a população para que diminuir o dinamismo nesse grupo, para que não se reproduzam. Quando não há a esterilização, animais novos nascem com mais frequência e os mais velhos vão sendo expulsos do grupo”, explicou.

Menezes acrescentou que os indivíduos mais velhos muitas vezes já estão com o sistema imunológico familiarizado com a bactéria. As capivaras são infectadas pela febre maculosa apenas uma vez.

(Fonte: Correio Popular)

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