No dia seguinte ao blecaute que atingiu o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, uma forte onda de calor tomou conta do Terminal 1 do local. O sistema de ar-condicionado só foi totalmente religado durante a madrugada e até o fim da manhã passageiros ainda reclamavam das altas temperaturas.
A falta de luz no aeroporto ocorreu por um problema em um dos seis transformadores da subestação de energia que fica dentro do local. A causa do problema, contudo, ainda não foi identificada.
A falha ocorreu às 20h55 e a energia começou a ser reestabelecida às 21h05. O abastecimento só voltou ao normal cerca de uma hora e meia depois. Segundo a Infraero, 19 voos tiveram atrasos e nenhum foi cancelado.
De acordo com o “RJTV”, da TV Globo, a Polícia Federal abriu dois inquéritos para apurar o mau uso do dinheiro público na manutenção do sistema elétrico e de ar-condicionado do aeroporto.
O superintendente do Galeão, Emmanoeth Vieira de Sá, admitiu que o sistema elétrico é antigo e que precisa de reformas. Segundo ele, já está em curso uma licitação para a troca de três dos seis transformadores da subestação.
“Nosso sistema é antigo. Os geradores à diesel do aeroporto têm 15 anos e a subestação é da década de 1970”, disse ele, em entrevista à Folha no saguão do Terminal 2.
CALOR
Segundo Vieira de Sá, depois a falta de energia, o abastecimento do aeroporto foi feito por uma linha de transmissão paralela, que leva eletricidade a outros bairros da zona norte.
De acordo com Vieira de Sá, atendendo a um pedido da Light, os quatro chillers– equipamentos que gelam a água que abastece o sistema de refrigeração– foram religados em etapas para evitar sobrecarga na rede. O último chiller foi religado às 1h50, informou.
“Como o sistema havia sido totalmente desligado, demorou um pouco para fazer efeito e foi por isso que tivemos esse problema pontual de desconforto durante a manhã”, disse.
LOJAS
Algumas lojas tiveram problemas para atender os clientes durante a manhã de calor. Foi o caso da Tamar Flores, floricultura que fica no desembarque do Terminal 1.
“Tivemos que fechar mais cedo ontem (anteontem) por causa do blecaute e hoje (ontem) vendemos muito pouco por conta do calor. Os clientes estavam impacientes para deixar o aeroporto”, afirmou a vendedora Cristina Cardoso, 23.
A Folha foi a outras sete lojas no aeroporto, mas nenhum funcionário quis falar oficialmente. O gerente de uma loja de chocolates, que pediu anonimato, afirmou que o calor estava prestes a derreter seus produtos. Mesmo à tarde, quando o problema havia supostamente sido resolvido, duas “bocas” de ar-condicionado de sua loja, que são de responsabilidade da Infraero, não estavam funcionando.
“A temperatura na loja está em 28ºC e o chocolate começa a derreter a partir de 32, 35ºC. Se continuar desse jeito, terei problemas”, disse ele.
A assessoria de imprensa da Dufry, empresa que opera lojas freeshop nos aeroportos do país, informou que possui gerador próprio e estoques frigorificados, o que evitou a ocorrência de problemas decorrentes da falta de luz.
(Fonte: Folha de S.Paulo)