No julgamento de hoje (10), em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo
São Paulo – No julgamento de hoje (10), em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, o Ministério Público Estadual vai sustentar a tese de crime com motivação política para a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, disse o promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho, durante entrevista na tarde de ontem (9), na capital paulista.
“O Ministério Público defende, com relação ao homicídio do prefeito Celso Daniel, a tese de crime político, por motivação política. A tese do Ministério Público sempre foi essa. O Ministério Público nunca concordou com a versão inicial dada pela Polícia Civil e depois respaldada pela Polícia Federal. Não se trata de discordar da polícia. A polícia fez um excelente trabalho. Essa primeira conclusão andou bem: a polícia identificou os executores efetivos do arrebatamento. Mas o Ministério Público já investigava a situação de corrupção envolvendo a prefeitura de Santo André e, dentro desse cenário, indícios apareceram que levaram à conclusão de que não se tratava de crime comum, nem de sequestro convencional”, disse.
De acordo com o promotor, “o prefeito de Santo André conhecia o esquema, sabia que havia corrupção e que o dinheiro era desviado para o caixa 2 do Partido dos Trabalhadores (PT). Ele foi morto porque, em determinado momento do funcionamento desse esquema de corrupção, ele descobriu que o dinheiro não era todo encaminhado para a campanha política. Parte do dinheiro era levado para enriquecimento pessoal dos participantes do esquema, dentre eles, o Sérgio [Gomes da Silva, empresário e amigo de Celso Daniel, conhecido como Sombra]”.
O esquema de corrupção, segundo Carvalho, envolvia fraudes em licitação e corrupção no setor de transportes e de coleta de lixo. O dinheiro desviado era então utilizado para a campanha eleitoral do partido em 2002. O Ministério Público ainda não sabe quanto foi movimentado nesse esquema, mas avalia que mais de R$ 1,2 milhão foi movimentado pelo partido em um primeiro momento.