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MEC anula 14 questões do Enem de mais 500 alunos e divulga nota da prova

Ministério da Educação decide cancelar questões também de 500 alunos de cursinho de Fortaleza.

Pressionado após a confirmação da Polícia Federal de que o vazamento das questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi maior que o admitido oficialmente, o Ministério da Educação (MEC) decidiu ontem cancelar as questões dos alunos do cursinho do Colégio Christus, de Fortaleza, e antecipou a divulgação das notas do exame de todos os alunos do País.

O MEC sabia desde novembro das evidências colhidas pela PF de que, além dos 639 alunos do colégio cearense, estudantes do curso pré-vestibular da instituição também tiveram acesso a 14 questões do pré- teste, usadas num simulado e também na prova do Enem. Mesmo assim, o MEC agiu apenas quando o caso veio à tona pela imprensa. O número total de alunos que tiveram as questões anuladas saltou de 639 para 1.139.

Em nota divulgada ontem, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC que cuida do Enem, disse que adotou a medida “com base em informações da Polícia Federal do Ceará”, mas não explicou por que precisou de cerca de 30 dias para se definir sobre o impasse.

A pasta havia dito inicialmente que aguardaria mais informações e a conclusão do inquérito da PF para anular as questões. Em nota, a assessoria do ministro Fernando Haddad disse que o MEC não “ignorou” as informações da PF. No entanto, a pasta só atuou publicamente – e não por meio de trocas de ofícios com a PF – depois de o caso ser divulgado.

Para abafar o caso e amenizar a má repercussão do episódio, como apurou o Estado, o MEC antecipou a consulta na internet das notas do Enem – as do Enem 2010 foram divulgadas apenas na primeira quinzena de janeiro deste ano. Segundo o ministério, o sistema de consulta estava pronto desde segunda-feira desta semana, sendo submetido a testes desde então.

Em 29 de outubro, o Estado publicou que, além dos estudantes regulares, os alunos do cursinho do Christus haviam tido acesso às questões do Enem. Quando a PF comunicou ao Inep ter “evidências” do vazamento, o ministro Haddad já havia sido lançado como pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo.

O caso de Fortaleza volta a assombrar Haddad, no momento em que ele se prepara para deixar a pasta, voltar para São Paulo e se concentrar na corrida eleitoral. “O Ministério da Educação e o Inep ainda aguardam as conclusões do inquérito policial para tomar medidas cabíveis nas instâncias administrativa e criminal”, disse o instituto.

A investigação da PF revelou falhas na fiscalização do pré-teste no Ceará, a cargo da Fundação Cesgranrio – contratada em um consórcio ao lado do Cespe, contratado sem licitação. Em nota enviada ao Estado, a Cesgranrio admitiu os problemas, ao reconhecer que foram recrutados aplicadores com vínculos com a instituição. A própria fundação classificou a atitude como “descabida”.

Confiança. O MEC afirma estar seguro de que o vazamento de questões do Enem não se repetiu nas outras 15 escolas onde foi aplicado o pré-teste. O ministério também diz confiar no Consórcio Cespe/Cesgranrio para a aplicação do pré-teste e do Enem e defendeu o aprimoramento das questões de segurança nos próximos exames.

Em um ano, o valor do contrato do pré-teste saltou de R$ 939,5 mil para R$ 6,2 milhões, conforme o Estado revelou no ano passado. Um dos motivos encontrados pelo Inep para justificar o aumento exponencial foi o reforço de segurança. “O contrato 2010 exige que todas as etapas de editoração do caderno de provas, acompanhamento da impressão e organização do material para distribuição se processem em ambiente seguro e sigiloso”, disse o Inep na época. “Haverá salas de segurança para guarda dos malotes, com vigilância 24 horas, e mobilização durante todo o período de aplicação do pré-teste”, justificou.

Para evitar falhas no Enem 2011, o MEC recorreu ao Inmetro e a uma empresa de gestão de riscos. Esta é a terceira vez seguida que a organização do exame fica sujeita a erros – em 2009, houve o vazamento da prova; em 2010, houve falhas na encadernação e a troca de cabeçalho no cartão resposta.

Em entrevista ao Estado publicada no final de outubro, Haddad defendeu “controles cada vez mais rígidos” na organização do exame e “mecanismos de correção quando há ações delituosas”. “O Enem é uma prova em que são utilizadas 500 mil pessoas. Se um indivíduo decide prejudicar o exame, no mínimo ele vai perturbar a ordem”, afirmou.

A pasta virou alvo de polêmicas ao longo do ano, como a elaboração de um controverso kit anti-homofobia e a revelação de falhas na revisão de material didático – um livro de matemática ensinava que 10 – 7 é igual a 4.

Por: Rafael Moura
(Fonte: O Estado de S.Paulo)

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