João Nogueira, presidente do Conselho de Administração da Isolux Infrastructure, diz que a estabilização política e econômica no país atrai novos investidores:
— A infraestrutura no país está atrasada, daí a necessidade natural de aumentar onúmero de jogadores. Os antigos não têm capacidade de fazer tudo sozinhos.
Para não ficar atrás, as grandes têm utilizado a estratégia de entrar nos consórcios a posteriori, como aconteceu no caso da usina hidrelétrica de Belo Monte. Ou seja, não se arriscam nos lances mais agressivos, mas acabam entrando quando as contas já estão feitas e os riscos são menores.
Nos bastidores, se queixam das regras das licitações e dizem que o governo pode pagar caro lá na frente. Avaliam que as empresas menores podem não ter fôlego para entregar as obras ou experiência para operar as concessões.
Engana-se, porém, quem avalia que a ascensão das empreiteiras emergentes contraria o interesse do governo federal, acostumado a lidar com as grandes. A maioria dessas médias também mantêm diálogo constante com o Palácio do Planalto, que tem como meta clara estimular a concorrência no setor: para lucrar mais com outorgas ou conseguir tarifas menores aos consumidores.
Acostumado a lidar com em preiteiras em diferentes projetos de infraestrutura, Carlos Alberto Caser, presidente da Funcef, vê com bons olhos essa competição no setor. Para ele, há espaço para todos, dada à forte demanda por obras no país, mas ele faz ressalvas à competição:
— As grandes sempre vão permanecer e pegar obras de acordo com o porte delas. Você não pode pegar uma empresa muito pequena para tocar Belo Monte.
Para alguns observadores do setor, isso ocorreu no leilão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília:
— É impossível que só esses grupos tenham notado possibilidade de ganhos tão alta, diferentemente de outros que estão entre os maiores do mundo e têm mais experência — diz um especialista.
Até mesmo uma das novatas no país, a Isolux, reconhece que o governo precisa estar atento e impor certas regras que evitem a ação de aventureiros.
— A Isolux mantém planos ambiciosos, mas não pretendemos fazer loucuras. A nossa perspectiva é agregar valor para o acionista e não perder valor — diz Noguei
(Fonte: O Globo)