Em razão da Copa do Mundo, Mato Grosso – que não deverá ter jogos muito expressivos – está abrindo os cofres – e sem licitação.
Como dizia um bordão humorístico, o brasileiro é muito criativo. Em razão da Copa do Mundo, Mato Grosso – que não deverá ter jogos muito expressivos – está abrindo os cofres – e sem licitação. A pretexto de defender fronteiras – tarefa federal – Mato Grosso comprou veículos Land Rover Defender, equipados com radares russos. A intermediação foi feita pela Globaltech Consultoria de Prospecção de Negócios Ltda., no valor de R$ 14 milhões; essa empresa, ao que se sabe, não tem alta tradição nem elevado capital. E a operação foi feita com dispensa de licitação. Mato Grosso alega que a Fifa lhe exige “controle e monitoramento de fronteira”.
Pior de tudo é que esses equipamentos estão sendo comprados sem qualquer sintonia com o Sistema de Vigilância de Fronteiras (Sisfron) do Comando do Exército, um sofisticado sistema que está sendo tocado pela Atech S/A, de propriedade da Embraer, nem com o Plano Nacional de Fronteiras, do Ministério da Justiça. A importação de equipamentos russos se choca com esforço do Centro Tecnológico do Exército para desenvolver o radar nacional Saber montado pela Orbisat, também da Embraer.
Informa-se ainda que a outra Atech – a Fundação Aplicações e Tecnologias Críticas, instituição sem fins lucrativos, que não pertence à Embraer – foi contratada pelo Governo de Mato Grosso – obviamente sem licitação, por R$ 1,9 milhão – para “elaborar um plano master de proteção e segurança para a realização do mundial em Mato Grosso”. A dispensa de licitação é estranha, pois estariam capacitadas a prestar igual serviços empresas como Atech S/A e o instituto pernambucano C.E.S.A.R. – este recentemente selecionado para prover o programa Brigada Braço Forte, do Exército.
A partir destas notícias, pode-se imaginar o que estará acontecendo nos outros estados ou até mesmo no âmbito federal.