Com inauguração prevista para dezembro deste ano, moradores da região temem impacto no tráfego. Especialista prevê engarrafamentos
Parece que, desta vez, vai! Após dez anos de muita expectativa com o início das obras do que seria a Cidade da Música, o projeto finalmente chega ao fim e pode ser inaugurado este ano. Mas uma questão relativa à rebatizada Cidade das Artes precisa ser esclarecida. Como ficará o entorno do local? A Barra da Tijuca está preparada para os eventos que ocorrerão no mais novo centro de lazer do carioca?
A primeira preocupação dos moradores é o trânsito. Se, sem o funcionamento da casa, os motoristas já reclamam do tempo que perdem nas avenidas das Américas e Ayrton Senna durante quase todo o dia, com a inauguração da Cidade das Artes o temor aumenta:
— A chegada de eventos ao local vai criar uma circulação de veículos maior, e isso, com certeza, vai gerar um trânsito mais complicado nos dois sentidos da Avenida das Américas. É preciso que haja uma melhora significativa — afirma o empresário Guilherme Alves, morador do Recreio.
Segundo a RioUrbe, que gerencia as obras de conclusão, a casa tem um estacionamento para 738 carros de visitantes, além das 77 vagas subterrâneas para a equipe administrativa.
Para Alexandre Rojas, professor da Uerj especialista em transportes, o número de vagas oferecidas para os espectadores não será suficiente, caso o espaço chegue perto de sua lotação máxima — em torno de 2.700 pessoas, somando a capacidade da Grande Sala (1.650 lugares), da sala de música de câmara (456) e das três salas de cinema (500):
— O espaço deveria ter, no mínimo, o dobro de vagas para começar a conversa. Fazer um estacionamento com essa quantidade de vagas é supor que boa parte do público utilizará o transporte público, mas sabemos que não será isso que acontecerá. A cultura do brasileiro é de usar o carro. As pessoas que frequentam o Theatro Municipal, que imaginamos ser o mesmo público, não vão dispostas a usar o transporte coletivo. Na Cidade das Artes, ocorrerá o mesmo.
Para o especialista, também não há o que ser feito para evitar os problemas de trânsito que acontecerão a partir do momento que o gigante de concreto começar a ser utilizado.