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Brics competem para ganhar terreno na África

Novo colonialismo?

Durante a cúpula em Durban, o presidente sul-africano Jacob Zuma irá mediar uma série de encontros entre países do Brics e outros líderes africanos. Nas preparações para o encontro, porém, o que chamou mais a atenção em seu discurso sobre os investimentos do Brics foi uma aparente expectativa de que eles sejam ‘cooperativos’, diferente dos investimentos europeus – que segundo o líder sul-africano seriam ‘colonialistas’.

Uma semana antes do encontro, durante uma conferência sobre temas educacionais, Zuma prometeu: ‘Os Brics vão contribuir imensamente para satisfazer as necessidades dos jovens da África do Sul de encontrarem trabalho.’

A promessa foi feita dias depois de o presidente sul-africano ter dado uma entrevista ao jornal britânico Financial Times na qual exortou as empresas europeias a mudarem seu ‘velho estilo colonialista na África’, lembrando que agora o continente tem a ‘alternativa’ dos Brics.

‘Os Brics pretendem apoiar os esforços da África para acelerar a diversificação e modernização de suas economias através do desenvolvimento de infraestrutura, troca de conhecimento, acesso a tecnologias, construção de novas capacidades e investimento em capital humano’, diz um documento oficial do encontro, divulgado pelo governo sul-africano.

Para alguns analistas, porém, as expectativas de Zuma podem não ser atendidas. Marcos Troyjo, do laboratório sobre Brics da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, por exemplo, lembra que os chineses são conhecidos por um estilo ‘agressivo’ de fazer investimentos – importando matéria prima e até trabalhadores da China para levantar obras de infraestrutura em países africanos.

Além disso, seu interesse maior seria a extração de recursos naturais da África e a venda de produtos chineses para o continente, atividades que não são conhecidas por sua ampla geração de empregos qualificados (apesar de o Shopping Center China dizer que emprega um total de 1.600 pessoas).

‘Moderar otimismo’

Jim O’Neill, economista conhecido por criar o termo Bric em 2001, concorda que é preciso moderar o otimismo com os investimentos dos Brics: ‘Não há como garantir que multinacionais desse ou daquele país vão se comportar de forma diferente. Empresas globais enfrentam os mesmos desafios para se adaptar às regras locais e ao final têm o mesmo objetivo, que é conseguir retorno para seus investimentos’, diz.

No caso dos investimentos brasileiros, analistas e empresários costumam enfatizar as diferenças de ‘estilo’ em relação aos chineses. As empresas do país seriam mais flexíveis e mais dispostas a se adaptar à cultura e realidade local, contratando trabalhadores africanos, por exemplo. Mas em Durban alguns empresários e executivos brasileiros que não quiseram se identificar também expuseram para a BBC Brasil o receio de que o governo sul-africano esteja esperando demais das empresas.

‘Não dá para querer que as companhias estrangeiras façam todo o trabalho para desenvolver a África’, disse um deles. ‘Os africanos também precisam fazer suas obrigações e investir mais na formação de trabalhadores e racionalização da burocracia de seus países para compensar os riscos e contratempos de se investir no continente – que ainda existem e são muitos.’

Para explica o consultor Wayne Morris, da Brand South Africa, ‘não há como negar que existe um debate sobre os ‘elementos colonialistas’ dos investimentos dos Brics, e em especial dos chineses.’

‘A África do Sul e os outros países do continente estão plenamente cientes desses riscos’, diz. Ele lembra, porém, que por muito tempo países africanos atraíram o interesse apenas de países desenvolvidos e que a aprovação de empréstimos para projetos de infraestrutura por entidades como FMI e Banco Mundial era condicionada à adoção de reformas neoliberais.

‘A grande novidade é que agora temos mais opções e ao menos podemos discutir as condições dos investimentos e empréstimos com empresas e países de ‘igual para igual’ – o que nos dá uma margem de manobra que não tínhamos no passado para evitar esses riscos’, opina.

 

(Fonte: G1)

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