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Brics competem para ganhar terreno na África

‘Os indianos e os chineses são os que têm presença mais forte na África do Sul, por exemplo – e entre eles já há disputa. O Brasil e a Rússia também estão ampliando sua presença em outros lugares. Mas a competição entre esses países têm tudo para ser saudável – para eles e, principalmente, para a África que terá mais opções de investimentos’, acredita.

Harry Shmelzer, presidente da WEG – empresa brasileira líder do mercado de motores elétricos que há três anos tem uma fábrica com 600 funcionários na África do Sul (embora faça negócios com o país há mais de três décadas)- , disse à BBC Brasil que a concorrência com os chineses em sua área já é acirrada.

‘Os chineses oferecem uma concorrência agressiva aqui e em outros lugares – mas já sabemos que precisamos estar preparados para isso’, diz ele.

Presença dos Brics

Segundo um estudo do sul-africano Standard Bank (banco no qual hoje os chineses têm uma participação de 20%), na última década o volume de trocas comerciais dos Brics com a África aumentou dez vezes, chegando a US$ 340 bilhões – mais que o comércio entre os demais países do grupo (de US$ 310 bilhões)

A China é sem dúvida o país dos Brics cujos negócios mais avançaram no continente africano nos últimos anos, principalmente em função do interesse chinês por recursos naturais. Só o comércio com a África aumentou 20 vezes de 2002 a 2012, passando dos US$ 200 bilhões – o que em parte explica o sucesso do Shopping Center China e outros empreendimentos similares. Segundo estimativas do governo chinês, o país teria um estoque de investimento na África de US$ 20 a US$ 40 bilhões.

A Índia também teve um aumento substancial dos investimentos na região nos últimos anos, apostando em áreas como agricultura, telecomunicações e o setor automobilístico, principalmente no sul e no sudeste sul-africanos. A Rússia tem investimentos na Tunísia, Nigéria, Uganda e África do Sul. Já o Brasil, tem uma presença cada vez mais forte na África lusófona – Moçambique e Angola – embora empresas como a Marcopolo, a Weg e a Camargo Correa também estejam presentes na África do Sul.

Moçambique abriga empreendimentos da Vale e da Odebrecht, uma das maiores empregadoras locais, e Angola é o maior receptor dos investimentos brasileiros no continente (seriam R$ 7 bilhões, segundo estimativas de 2011 da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola). Empresas como Petrobras e as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez têm operações sólidas no país há muitos anos.

Além disso, Angola é também a principal receptora de investimentos da China na África – então já é natural que brasileiros e chineses tenham de competir para ganhar a licitação de projetos de infra-estrutura e exploração de recursos naturais.

‘Nossos investimentos ainda estão muitos concentrados nesses dois países. Comparando com os indianos e chineses, acho que os brasileiros estão perdendo oportunidades no continente africano em função de um certo receio dos empresários em explorar o continente’, acredita Roberto Paranhos do Riobranco, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Índia que está na África do Sul para participar do encontro de empresários que acompanha a cúpula dos Brics.

‘Representação’

Não foi à toa que os investimentos dos Brics na África se tornaram um dos principais temas do encontro do clube dos emergentes em Durban, como explicou à BBC Brasil Oliver Stuenkel, professor da Fundação Getúlio Vargas que está na África do Sul participando de uma série de debates acadêmicos paralelos ao encontro.

A África do Sul foi incluída nos Brics em 2010 – antes disso o grupo era chamado de Bric. Stuenkel diz que o país obteve sucesso em sua candidatura ao clube dos emergentes, apesar do tamanho de sua economia ser equivalente a de uma Província chinesa, ao se apresentar como um ‘representante’ ou um ‘interlocutor’ para a África frente aos outros quatro países.

‘A verdade é que se a África (continente) fosse um país, certamente seria um Brics. O tamanho de sua classe média é comparável a indiana e está se expandindo. Além disso, muitas partes do continente têm crescido em um ritmo acelerado’, diz Stuenkel. ‘Mas é difícil pensar que a África do Sul possa falar por todos os países da região.’

Três fatores tornam a África atrativa para investimentos dos Brics. Primeiro, a presença de grandes jazidas de minérios, petróleo e outros recursos naturais valiosos no continente. Segundo, o grande crescimento da classe média africana – e aumento do consumo provocado por tal enriquecimento. Por fim, a previsão de gastos bilionários no setor de infraestrutura em países que recém adquiriram estabilidade política e econômica, mas nos quais faltam estradas, portos, aeroportos, etc.

Segundo o FMI, sete dos dez países que mais crescem no mundo estão na África. E ainda que isso ocorra porque tais países partem de uma base muito baixa de desenvolvimento econômico, para muitos empresários dos Brics tal crescimento significa bons negócios e margens de lucro satisfatórias para compensar os riscos africanos.

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