Análise semelhante foi feita pelo presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Pedro Luiz Barreiras Passos. Ele destacou que o “Brasil está muito melhor diante do cenário” de crise mundial, com a possível recessão e afundamento da economia norte-americana e com os problemas da União Europeia, e lembrou que a redução dos juros pode ajudar a diminuir os efeitos da crise aqui. “O Banco Central fez uma redução expressiva de juros, antevendo e anunciando o que seria a crise internacional. Foi uma medida bastante acertada que pode ajudar a mitigar efeitos da crise internacional no país e pode retomar uma trajetória de queda na taxa de juros recolocando os preços mais importantes da economia no lugar”, disse.
No entanto, Passos enfatizou que o governo precisa ampliar esforços para melhorar a situação da indústria nacional, que “é crítica” pelo fato da indústria vir perdendo competitividade. Para ele, o governo tem sido sensível ao apoiar indústria nacional, mas ainda é necessário que se adote uma política industrial mais consistente, de mais longo prazo e com melhor orientação de investimentos.
“O setor manufatureiro já não cresce há algum tempo. O problema continua grave [apesar das medidas tomadas pelo governo]. Em médio prazo, não vejo como restabelecer a capacidade do produto manufaturado nacional concorrer com o produto produzido no exterior se não tiver, definitivamente, um forte incentivo à inovação, um aumento e um forte impulso à produtividade e uma ação consistente para redução de custos sistêmicos no país. O Brasil é país muito caro. Precisamos trabalhar fortemente na redução de custos porque, senão, estamos diante de inevitável perda da indústria nacional”, observou o presidente do Iedi.
Para o professor de economia da FGV e ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, que coordena o fórum, a crise mundial pode afetar o Brasil, mas o país está preparado para enfrentá-la. “O fato de que estamos com uma situação de reservas elevadas e com dívida pública em relação ao PIB [Produto Interno Bruto] baixa, [acredito] que a economia brasileira não será muito atingida. Deveremos continuar crescendo enquanto a Europa está em uma dificuldade muito grande.”