De acordo com a Secretaria de Educação, os problemas com o transporte devem ser solucionados até o início das aulas, já que a pasta está realizando nova licitação para contratação de empresa que preste o serviço.
Pais e alunos reclamam de distância e transporte para os novos colégios. Secretaria disse que recolheu amostras e as encaminhou para laboratório.
As portas da Escola Classe 1 da Estrutural devem permanecer fechadas neste ano. A instituição está interditada desde maio do ano passado, quando a Defesa Civil detectou vazamento de gás. Segundo a Secretaria de Educação do Distrito Federal, os mais de 1,3 mil alunos serão matriculados nas mesmas escolas para onde foram transferidos.
Para estudantes e pais, a notícia é desanimadora. “Meu filho tem 7 anos e estuda de manhã. Foi um sacrifício para ele ter que acordar às 5h para pegar o ônibus, sendo que antes a gente podia sair de casa às 7h que dava tempo de chegar”, conta Maria Carneiro.
Entre as maiores dificuldades apontadas pelas crianças e famílias está em conseguir participar das atividades das escolas, por causa da distância. Maria, por exemplo, diz que só pôde ir ao novo colégio do filho uma vez e dependeu da ajuda de outras pessoas para pegar ônibus por não saber ler.
Caio Silva, de 10 anos, afirma que não estar perto da escola também prejudica o rendimento. “É bem ruim. Se eu esquecer um livro, não tem como voltar para pegar. Não tem como buscar se precisar de algo, só no outro dia.”
O mesmo problema foi relatado pela dona de casa Clarete Farias. Ela criava a neta Letícia, que acabou voltando a morar com a mãe em outra cidade no fim do ano letivo. A menina foi transferida para um colégio da Asa Sul e sempre reclamava da nova rotina.
“Cada dia o ônibus parava em um lugar, e ela acabou perdendo algumas aulas por isso”, lembra o primo Rodrigo Farias, de 11 anos. “Ela gostava muito daqui, mas odiava a nova escola. Uma vez ela jogou o chinelo de propósito no esgoto para não ter que ir.”
De acordo com a Secretaria de Educação, os problemas com o transporte devem ser solucionados até o início das aulas, já que a pasta está realizando nova licitação para contratação de empresa que preste o serviço. A pasta também disse que a decisão de manter a escola fechada foi tomada para preservar a saúde dos estudantes.
Após a interdição, em maio, a secretaria disse ter instalado exaustores em todos os ambientes da escola e contratado empresa para analisar as condições da instituição. Amostras do solo, água, aterro sanitário e gases foram recolhidos e encaminhados para um laboratório.
“O resultado do estudo elaborado pela empresa contratada também foi apresentado à comunidade escolar da Estrutural, que obteve conhecimento completo do grave problema encontrado e da recomendação que apontou a necessidade de se manter os alunos em outra instituição educacional até que seja providenciada solução definitiva e segura para os alunos e servidores da escola”, afirmou em nota.
O G1 esteve na escola na última quinta-feira (10) e fotografou cadeiras entulhadas no pátio da escola, expostas ao sol e à chuva. A pasta disse que vai encaminhar equipe para verificar a situação do patrimônio da escola.
A dona de casa Jaci Lima, de 56 anos, disse esperar que encontrem uma alternativa dentro da própria Estrutural. A neta dela, de 12 anos, passou por duas cirurgias na perna, por causa de uma deficiência física, e precisa andar de muletas.
“Por causa da situação dela, ter que estudar longe de casa é muito ruim. É muito sofrido. Mesmo com transporte é ruim”, afirma. “Faz falta ter escola perto de casa.”
Por: Raquel Moraes
(Fonte: G1)