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No Senado, especialistas divergem sobre viabilidade de trem-bala

Especialistas que participaram ontem de audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado divergiram sobre o trem-bala como alternativa viável para o transporte de passageiros

 

 

Especialistas que participaram ontem de audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado divergiram sobre o trem-bala como alternativa viável para o transporte de passageiros entre as duas maiores metrópoles brasileiras, com passagem ainda por Campinas (SP). A obra tem custo previsto de R$ 34 bilhões. Participaram da reunião representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Instituto de Logística (Ilos), consultores do Senado e senadores.

O superintendente de projetos do BNDES, Henrique Amarante da Costa Pinto, afirmou que a solução para a saturação dos meios tradicionais de transporte em grandes cidades é a construção do trem de alta velocidade para pequenas distâncias e a especialização da aviação em longas distâncias. Com o trem-bala, o tempo de viagem do Rio a São Paulo, com velocidade média de 280 quilômetros por hora, será de 93 minutos. De avião, o mesmo percurso é feito em 110 minutos. A velocidade máxima prevista do trem-bala é de 350 quilômetros por hora e o percurso total, 511 quilômetros.

De acordo com ele, o trem, com capacidade para 400 a 500 passageiros, teria saídas a cada 20 minutos em horários de pico e a cada 40 minutos nos outros períodos.

Estamos olhando essa região para os próximos 40 anos e o único investimento que tem o atributo de ter uma capacidade crescente e adequada ao nível de demanda é o transporte ferroviário, especialmente o transporte de alta velocidade, afirmou Bernardo Figueiredo, diretor geral da ANTT.  Figueiredo citou o transporte no Japão. A experiência internacional que tem na instalação de trens de alta velocidade indica que esse serviço é a opção natural da população, mesmo em condições adversas, em relação às outras alternativas.

Para o consultor de transportes do Senado Joseph Barat, o problema não é o transporte de passageiros. O problema é ferrovia para transporte de cargas, disse. O congestionamento na Rodovia Presidente Dutra [que liga São Paulo ao Rio de Janeiro] é de caminhões, afirmou.

O projeto conflita com a política econômica e social do governo, disse o consultor legislativo do Senado Marcos José Mendes. Para ele, o investimento em transporte de carga faria mais sentido. Mendes afirmou também que o projeto inverte a lógica de distribuição de renda e oportunidades, porque não vai gerar benefícios diretos à população mais pobre. Esse trem terá passagem cara, vai ser usado por pessoas de renda alta, afirmou.

 

Ele lembrou que o trem de alta velocidade é o projeto mais caro do Programa de Aceleracao do Crescimento (PAC), seguido pelas hidrelétricas de Belo Monte, Santo Antônio e Jirau.  O consultor afirmou que o principal argumento para a construção do trem-bala é o congestionamento da ligação Rio-São Paulo. Mas quando nós vamos olhar a estimativa de demanda por passagens no trem, vemos que apenas 8% está no trecho RioSão Paulo, e 60% está no eixo CampinasSão PauloSão José dos Campos.

A ligação entre essas três cidades é bem mais simples que ligar até o Rio, que tem que descer a serra. Então por que não começar de uma forma mais cautelosa, fazendo a ligação ferroviária em São Paulo, indagou.

Trem-bomba
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) chamou o trem-bala de trem-bomba. Isso vai explodir em todos nós. São os brasileiros que vão pagar esta conta. Está claro, disse. Tenho dito que a presidente Dilma tem nos surpreendido positivamente […]. E eu espero que ela coloque na geladeira, no freezer, esse projeto para gerações daqui a cem anos, afirmou Flexa Ribeiro. O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) afirmou que o projeto é polêmico e que o governo está calculando os risos da execução da obra. Eu tenho absoluta certeza de que a presidente Dilma jamais abraçaria uma causa que não fosse viável para o Brasil, disse.

Para a presidente da comissão, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), o custo total da obra justifica a necessidade do debate sobre a construção do trem-bala. Queremos saber se a tecnologia adequada não poderia ser substituída por outra mais barata, afirmou.

Empréstimo
Na última quarta (6), a Câmara dos Deputados aprovou o texto principal da medida provisória que autoriza a União, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a emprestar até R$ 20 bilhões ao consórcio vencedor da licitação para construir o TAV. O Senado deve votar a MP até a próxima sexta-feira (15), quando perde a validade.

(Fonte: ExpressoMT – A Notícia em Primeira Mão)

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