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Futuro em aberto: prefeitura abre licitação para nova concessão do Cassino da Urca, mas IED fica até ano que vem

Contrato temporário de locação do Istituto Europeo di Design com a prefeitura do Rio será válido por oito meses, mas prorrogável, dependendo do resultado do acordo

Se as paredes do velho Cassino da Urca falassem, poderiam dizer como era, na década de 1920, a chegada de turistas a um grandioso hotel de luxo — raridade no Rio dos dias atuais devido à pandemia. Não se esqueceriam do Velho Guerreiro: foi ali que Chacrinha gravou a primeira edição de seu Cassino, quando o prédio, localizado na Avenida João Luiz Alves, ainda era sede da extinta TV Tupi. Dos anos mais recentes, contariam idas e vindas entre a Justiça, a prefeitura e o Istituto Europeo di Design (IED), sediado ali desde 2006, que culminaram em um processo de licitação aberto na última sexta-feira para trocar a concessão do imóvel a partir do ano que vem.

Nesta terça, no entanto, depois de ida e vindas, o grupo firmou um contrato temporário de locação com a prefeitura do Rio, válido por oito meses, mas prorrogável, dependendo do resultado do certame. Segundo a secretaria de Fazenda, a chamada remuneração provisória paga pelo instituto é de R$ 39 mil, proporcionalmente à área hoje utilizada.

O IED pretende participar da licitação, mas ressalta que não deixará o Rio caso não possa continuar no antigo cassino. Ao todo, a instituição passou quase cinco anos sem atividades, devido a decisões judiciais, tanto em razão do acordo com o município quanto devido ao volume de carros e alunos previstos em seu projeto inicial, contestado pela Associação de Moradores da Urca. Em funcionamento desde 2014, a instituição hoje oferece oito cursos de longa duração, atendendo a cerca de 350 alunos da área de design em moda, branding e interiores.

Acordo para ocupação de prédio abandonado é questionado pelo MP
Cedido à instituição italiana durante a gestão do ex-prefeito Cesar Maia, o prédio histórico havia passado por 30 anos de abandono. Após a extinção da antiga emissora, a prefeitura o assumiu como pagamento de dívidas. Entretanto, o acordo firmado com o IED era objeto de ações do Ministério Público. O órgão contestava a falta de licitação para a concessão do edifício. No ano passado, a Justiça determinou que o município lançasse um edital para o certame, marcado para o próximo dia 22 de julho. A licença valerá por quinze anos, prorrogáveis por igual período, e a proposta mínima de aluguel do espaço é de R$ 89,8 mil mensais.

Segundo o documento, a empresa vencedora do processo deverá pagar antecipadamente três anos de mensalidades, além de realizar obras de revitalização do imóvel. Parte da reforma já foi empreendida pelo IED, como previsto no acordo firmado lá atrás com a prefeitura. A instituição calcula que investiu R$ 14 milhões na recuperação da área do imóvel que dá para a praia da Urca.

Nova reforma
À nova concessionária, que assumirá em fevereiro, caberá a tarefa de reformar o outro lado do espaço, onde está localizado, por exemplo, o antigo teatro do cassino, palco de apresentações de estrelas como Carmen Miranda. Orçada em R$ 21 milhões, a empreitada deverá ser concluída em até dois anos, e, enquanto durarem as obras, a empresa terá um desconto de pouco mais metade da mensalidade acordada com o município pelo uso do espaço. O edital prevê a possibilidade de permanência do Istituto Europeo di Design no prédio até a entrada da nova concessionária.

Há dez anos moradora do bairro, a estudante Tamara Gellert, de 25, teme pelo futuro do imóvel. Para a jovem, o ideal seria erguer ali um museu que recontasse a trajetória do edifício e, consequentemente, da cidade.

— Dá um pouco de medo de que vire alguma coisa muito grandiosa. O bairro não tem saneamento nem espaço para isso. É preocupante o que vem por aí, porque a atual gestão não valoriza muito a cultura. Tenho medo até de que vire um templo religioso — afirma.

O edital lançado pela prefeitura prevê que os projetos de utilização do espaço deverão ser submetidos à análise do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural, de modo a assegurar o “uso compatível com o valor histórico-cultural do prédio”, tombado pelo município em 2018.

(Fonte: O Globo)

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