PT passou de discurso raivoso contra as privatizações à defesa delas, diz Freire
O deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, criticou a mudança repentina do PT, que na campanha eleitoral pregava um discurso raivoso contra as privatizações e que na noite desta quarta-feira defendia efusivamente a medida provisória que privatiza os aeroportos e afrouxa regras para a contratação de obras para a Copa do Mundo e Olímpiadas. Eles usavam aquele discurso antiprivatização como fanfarronice, e agora não têm nem mesmo a preocupação de se explicar.
Freire lembra que quando começaram as reformas na antiga União Soviética, com a implementação da Perestroika (abertura econômica) e da Glasnost (abertura política) por Mikhail Gorbachev, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) dedicou-se a intensos debates com o objetivo de compreender como seria a sociedade socialista sem a estatização. Não foi uma coisa fácil, mas um processo demorado e intenso, com discussões ideológicas e políticas sobre propriedade, mercado e desestatização no seio da esquerda, e não só dos comunistas, do mundo inteiro.
O PT, diz Freire, do dia para a noite passa a defender a privatização, sem a mínima preocupação em se explicar, usando o eufemismo concessão, como se isso enganasse alguém; é privatização, serviço público repassado a concessionárias que o exploram. Segundo Freire, esse comportamento demonstra que, para o PT, todo o discurso da campanha era oportunista, de ocasião, para ser usado e descartado conforme a conveniência. Não havia nenhum compromisso doutrinário, de concepção de Estado, observa. Se assemelhava a uma farsa, salienta. Não é posição digna de respeito.
O PPS é favorável à privatização dos aeroportos, mas obstruiu a votação porque o relator colocou um contrabando que nada tem a ver com o assunto, que é a flexibilização da lei de licitações, que o partido condena. É uma afronta à lei, uma porta aberta a negociatas, à corrupção.
Por: Valéria de Oliveira
(Fonte: PPS)