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Projeto básico da ciclovia não levou em conta força do mar, diz especialista


Jornal Nacional tem acesso ao projeto básico completo da prefeitura.
Especialista compara parte superior da ciclovia ao de uma passarela qualquer.

O Jornal Nacional teve acesso ao projeto básico completo da ciclovia que desabou, no Rio e provocou duas mortes. O projeto foi elaborado pela prefeitura e é obrigatório em qualquer licitação. Um engenheiro, especialista em análise de risco, avaliou o documento e concluiu que não houve um estudo sobre o impacto das ondas. Não se considerou o risco de uma ressaca.

Toni de Lima era o motorista do ônibus que passava pela Avenida Niemeyer bem na hora em que a onda atingiu em cheio a ciclovia. O Jornal Nacional mostrou o vídeo, registrado pela câmera do veículo.

“A gente fica meio traumatizado. Sentar ali no ônibus, passa um filme na cabeça”, diz o motorista Toni de Lima.

O motorista não conseguiu perceber se havia vítimas: “Veio aquela onda que me surpreendeu. Aí, eu não enxerguei mais nada, só vi aquele branco e aquele estrondo bem alto”.

A área onde aconteceu o acidente está isolada. Ciclistas e pedestres se arriscam entre os carros.

O trecho vai continuar interditado até que fiquem prontos os laudos de dois institutos contratados pela prefeitura para identificar as causas do desabamento.

A Associação dos Peritos Oficiais do estado do Rio de Janeiro também emitiu nota, questionando a perícia independente contratada pela prefeitura do Rio. Segundo a associação, a perícia criminal deve ser feita pela equipe do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, como determina a lei. E que uma eventual perícia independente deverá se limitar aos campos administrativo e cível.

Nesta segunda-feira (25), o presidente do Tribunal de Contas do Município afirmou que técnicos fizeram seis visitas na ciclovia, ainda durante as obras, e encontraram várias irregularidades na construção, mas nada que comprometesse a estrutura.

“Afastamento de colocação do piso, então, espaço no próprio tabuleiro, espaços maiores do que deviam e poderiam gerar um risco qualquer, mas nada que comprometesse a estrutura da obra”, disse Thiers Montebello, presidente do Tribunal de Contas do Município – RJ.

Em nota, o consórcio Contemat-Concrejato afirmou ter sido contratado para desenvolver o projeto executivo a partir do projeto básico fornecido pela contratante, ou seja, a prefeitura.

O consórcio disse que executou integralmente todos os requisitos técnicos previstos no edital de licitação e no projeto básico fornecido pela contratante. E defendeu a qualidade dos materiais e da construção.

O Jornal Nacional teve acesso ao projeto básico completo da prefeitura. Mostramos todos os desenhos, cálculos e relatórios técnicos para o engenheiro Moacyr Duarte, especialista em análise de riscos.

O especialista concluiu que o projeto básico da prefeitura não levou em conta a força do mar. Ele comparou a parte superior da ciclovia, onde fica a pista, como uma passarela qualquer, dessas que atravessam avenidas importantes.

“A passarela tem estrutura construtiva semelhante a uma que cruza a Avenida Ayrton Senna, a Avenida Brasil. São colunas com a prancha apoiada. O estudo foi simplório, foi insuficiente, devia ter mais detalhes. Faltou uma análise por segmento do costão, para os vários sentidos de ataques das ondas”, disse Moacyr Duarte, engenheiro da COPPE-UFRJ.

Em nota, a Secretaria Obras declarou que o projeto básico é apenas conceitual e cálculos como o impacto das ondas e outras especificações são objeto do desenvolvimento do projeto executivo, que traça todo o detalhamento técnico para a execução da obra. No caso da ciclovia da Niemeyer, o projeto executivo foi desenvolvido pelo consórcio Contemat/Concrejato.

“Essa questão da definição de culpa é sempre um processo judicial longo, com muitos argumentos sutis. O que não é sutil aqui é o tamanho do erro. E eu acho que dificilmente qualquer que seja a decisão da Justiça sobre o culpado principal, ambos estão envergonhados, ambos têm culpa sobre o vexame que a cidade passou. Agora, a gente tem que olhar adiante e como corrige isso com o menor custo e, finalmente, dando segurança as pessoas que querem desfrutar da obra”, destacou Moacyr Duarte.

O Jornal Nacional procurou novamente o consórcio que construiu a ciclovia. A Contemat e a Concrejato voltaram a afirmar que executaram integralmente os requisitos técnicos previstos no edital de licitação e no projeto básico fornecido pela prefeitura.

(Fonte: G1)

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