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Obras inacabadas revelam desperdício de dinheiro público

31 obras inacabadas

 

No ano passado, o Tribunal de Contas da União mandou parar 31 obras federais para investigar o uso ilegal de dinheiro público. Só nessas obras sob suspeita, R$ 23 bilhões estão em jogo. Um hospital de quatro andares e 136 leitos, parado há dez anos, em uma cidade como Cuiabá, precisa de pelo menos 700 novas vagas. “Estou há 51 dias aqui esperando cirurgia e nada, muito descaso com a gente aqui”, revela Diego Leite Mariano. “É muito descaso, porque meu filho está sendo cortado aos poucos, vivo”, reforça Edides Benedita Leite.

O governo do estado diz que o prédio está ultrapassado, não serve mais para abrigar doentes. A repórter Eunice Ramos, embrenhando-se nas árvores que crescem na construção, passou pela aterrorizante experiência de entrar em um hospital fantasma. “Um morcego acabou de passar aqui!”, exclama a repórter. “Nos lugares mais escuros tem muito morcego. Então tem que prestar bastante atenção.”

Em um bairro de São Luís, no Maranhão, faltam pelo menos 400 vagas para os alunos da rede pública. Henrique tem de pedalar quilômetros para estudar. Ele convive com as sequelas da paralisia infantil e nos dias de calor chega a passar mal. Bem perto da casa dele, duas escolas, com capacidade para 2,4 mil alunos, foram construídas e abandonadas.

A Secretaria municipal de Educação informou que haverá nova licitação para retomar as obras. A Transparência Brasil, organização que acompanha o andamento de obras suspeitas, diz que falta fiscalização e que, embora o controle exercido pelo TCU tenha melhorado, a maioria dos tribunais de contas municipais e estaduais simplesmente não fiscaliza.

“Esses tribunais de contas são inoperantes e não funcionam. Os indivíduos que estão lá foram colocados lá por governadores para garantir que não vão chatear eles. Então é assim que funciona basicamente os tribunais de contas”, revela Cláudio Abramo da ONG Transparência Brasil.

Obra ‘ao avesso’
De todas as alegações para interromper uma obra pública no Brasil, talvez a mais inusitada de todas esteja em São José dos Campos. A Justiça embargou uma construção para que se apure por que ela começou a ser feita pelo avesso. A entrada foi parar nos fundos e os fundos foram parar na entrada, neste que já é conhecido como o teatro do absurdo, a um custo de R$ 680 mil. Uma sindicância interna inocentou a empreiteira e concluiu: foi desorganização da própria prefeitura. Uma ação popular levou o caso à Justiça. A prefeitura só pode retomar a obra quando o processo terminar.

Em Maceió, também há o caso de uma obra que, segundo informou o ex-governador Geraldo Bulhões, custou R$ 27 milhões para ser usada em um único dia. O Papódromo foi construído para receber o papa João Paulo II em 1991. “Eu me lembro do dia. Aquela coisa bonita, cheio de gente, o papa sentado à esquerda do monumento”, lembra a irmã de caridade Josefa Umbelina dos Santos. O monumento fica em uma área da Marinha cedida ao governo do estado que promete reurbanizá-la.

No Paraná, as bases náuticas construídas em 1997 para os jogos mundiais da natureza estão abandonadas. O investimento, na época, foi de R$ 3 milhões. Os jogos foram disputados uma única vez. Depois disso, as bases ficaram sem uso algum.

Em Rio Grande, no litoral gaúcho, a repórter Guacira Merlin entrou no prédio do Tribunal Regional Federal. A obra começou há seis anos e deveria estar pronta em 2009, mas virou um grande depósito de material de construção inaproveitável.

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