A (presidente) Dilma tentou, o (ex-presidente) Lula também. Gasto em educação é nobre, serve de desculpa para tudo. Mas, a renda do petróleo não é perene. Um dia os royalties vão acabar. Quem vai pagar educação quando isso acontecer?
O senhor acredita que esse é o ponto central da discussão?
Minha maior crítica é em relação a como se gasta o dinheiro dos royalties. O Congresso Nacional está equivocado nessa discussão. Na minha leitura, está todo mundo querendo saber quem vai colocar a mão no dinheiro. Quando, na verdade, a sociedade deveria se preocupar em como vai se gastar esse dinheiro. Estudos mostram que os municípios do Rio não gastam de forma adequada.
Os investimentos necessários à realização da Copa e dos Jogos Olímpicos estão inviabilizados?
Se houver uma redução de receita, o Estado terá de deslocar recursos de outros lugares para fechar o buraco deixado pelos royalties. Vai gerar um rombo na conta. Agora, se o Rio vai tirar esses recursos da Copa ou dos Jogos Olímpicos não posso dizer. Mas, é claro que o governo vai usar isso para pressionar o Planalto. A previsão mais otimista fala em perda de R$ 1 bilhão em receita para o governo do Rio de Janeiro em 2013.
Essa redistribuição vai realmente deixar em xeque o Estado?
Sem dúvida nenhuma. Mas, volto a dizer, tem coisas mais importantes para serem discutidas, como a maneira de se gastar esses recursos. Essa é uma discussão que me preocupa porque as partes envolvidas estão interessadas em pegar o dinheiro em vez de dizer como vão gastar os recursos.
Esse é o principal problema?
O mais grave é mesmo a quebra de contrato. Essa polêmica sobre os royalties atrasou as concessões em quatro ou cinco anos. Quando acontecer a licitação, as empresas vão precisar desse tempo para preparar os campos para a produção. O custo desse atraso é muito mais importante para o Brasil do que a questão dos royalties para o Rio de Janeiro.
Por: MÔNICA CIARELLI /RIO
(Fonte: O Estado de S.Paulo)