Os contratos identificados de prefeituras, governos estaduais e da União com as quatro empresas somam quase R$ 500 milhões.
Novas denúncias levantaram suspeitas em licitações que envolvem as mesmas empresas denunciadas na reportagem exibida pelo Fantástico no último domingo (18). Até agora, os contratos identificados de prefeituras, governos estaduais e da União com as quatro empresas somam quase R$ 500 milhões.
O levantamento é milionário. As quatro empresas denunciadas pelo Fantástico estão entre as maiores fornecedoras de serviços gerais para o Governo Federal. De acordo com a organização não governamental Contas Abertas, que acompanha o orçamento da União, de 2010 a março de 2012 foram gastos, pelo menos, R$ 143,262 milhões em contratos com três delas: a Locanty, a Toesa e a Rufolo.
Na denúncia feita pelo repórter Eduardo Faustini, ao tentar fraudar a licitação, os representantes das empresas citavam os contratos com hospitais federais como referência.
“As empresas investigadas mas não condenadas continuam negociando com o governo. A lei, hoje, cria uma enorme burocracia”, critica Gil Castello Branco, presidente do Contas Abertas.
As empresas também são antigas fornecedoras de governos estaduais.
Um levantamento mostra que em um período de cinco anos – entre 2007 e 2011 -, a Locanty firmou contratos com o governo do Rio de Janeiro no valor de R$ 213 milhões.
Alguns detalhes chamam a atenção. O contrato original com a Fundação Apoio à Escola Técnica, por exemplo, era de quase R$ 9 milhões. Recebeu um aditivo de mais de R$ 69 milhões, aumentando o valor final para mais de R$ 78 milhões.
O mesmo acontece com o Fundo Estadual de Saúde. O montante inicial era de quase R$ 17 milhões. O aditivo foi de mais de R$ 39 milhões e o total passou para mais de R$ 56 milhões.
O estado do Rio mantém 23 contratos em vigor com a Locanty, a Bella Vista e a Rufolo. O gasto anual deve chegar a quase R$ 80 milhões em 2012.
No município do Rio, a Locanty trabalha para cinco secretarias e tem contratos que somam mais de R$ 6 milhões. Já a empresa Bella Vista refeições tem três contratos com a prefeitura em um valor superior a R$ 14 milhões.
Nesta quarta (21) começam os depoimentos das pessoas flagradas no Fantástico. A Polícia Federal está recebendo denúncias de supostas fraudes em licitações com órgãos públicos envolvendo as mesmas empresas da reportagem. Os investigadores estão analisando também o patrimônio de sócios, diretores e funcionários de Locanty, Toesa, Rufolo e Bella Vista.
Entre as 17 pessoas convocadas para depor na Polícia Federal, estão Renata Cavas, gerente da Rufolo Serviços Técnicos e Construções; Carlos Sarres, gerente da Locanty Soluções e Qualidade; e também David Gomes, presidente da Toesa Service; e Jorge Figueiredo, representante comercial da Bella Vista Refeições Industriais.
Nesta terça, a Bella Vista decidiu gravar entrevista. O advogado Gustavo Teixeira disse que Jorge Figueiredo não é funcionário da empresa. “É um funcionário comissionado, não tem vínculo empregatício. Ele era um agente para órgãos particulares, não públicos”, afirmou.
A prefeitura do Rio informou que abriu processo para cancelar os contratos com as empresas que apareceram na reportagem exibida no Fantástico. O governo do estado anunciou que vai fazer o mesmo.
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio declarou que o contrato com a Locanty, que passou de R$ 16 milhões para R$ 56 milhões, recebeu quatro aditivos porque foi renovado.
A assessoria da Faetec informou que o contrato com a empresa também sofreu renovações e reajustes, e que o valor final será de R$ 63 milhões, e não de R$ 78 milhões.
Clique aqui e assista a noticia.
(Fonte: G1)