Decisão foi tomada a partir de grampos que mostraram atuação da organização criminosa para controlar contrato de bilhetagem eletrônica de ônibus
A Justiça do Distrito Federal decidiu quebrar o sigilo bancário e fiscal da Delta Construções na semana em que a empreiteira, às voltas com as investigações da Polícia Federal e da CPI do Cachoeira, foi adquirida numa negociação que gera polêmicas, sem aporte de recursos financeiros, pela holding J&F Participações, controladora do frigorífico JBS.
A decisão também atingiu o ex-diretor da construtora no Centro-Oeste Cláudio Abreu, o contraventor Carlinhos Cachoeira e outras seis pessoas, que tiveram os bens bloqueados. A base da decisão judicial são as suspeitas de irregularidades investigadas pelo Ministério Público local no contrato de licitação para o serviço de bilhetagem eletrônica dos ônibus no Distrito Federal.
A Receita Federal e os bancos nos quais a empreiteira e os demais envolvidos são correntistas em todo o País terão de apresentar informações do Imposto de Renda e extratos das movimentações bancárias desde 2009. A medida é um desdobramento da Operação Saint-Michel do MP, que levou Cláudio Abreu à prisão no final do abril e culminou na denúncia dos acusados por formação de quadrilha, tráfico de influência por corrupção e fraudes em processo.
A CPI do Cachoeira já havia decidido quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônico do contraventor. Na sexta-feira, a defesa dele recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para adiar o depoimento à comissão, marcado para a próxima terça-feira, com o argumento de que não teve acesso às provas e documentos contra Cachoeira.
O MP acusou o contraventor e dois ex-diretores da Delta de comandar uma operação para direcionar o contrato de bilhetagem no DF, que movimentaria R$ 60 milhões por mês.