Irregularidades vieram à tona em investigação da PF, do MP e da CGU. Ex-dirigente do HC nega fraude; ex-diretor do HU não se pronunciou.
Escutas telefônicas captadas durante investigação da Polícia Federal (PF), Ministério Público e Controladoria-Geral da União (CGU) reforçam as suspeitas de irregularidades no Hospital do Câncer (HC) e Hospital Universitário (HU), em Campo Grande. As gravações mostram, por exemplo, relatos sobre sessões de quimioterapia em pacientes que já tinham morrido, cobrança por tratamento contra o câncer que nunca foi realizado e o fechamento do setor de radioterapia de um hospital público para beneficiar clínicas particulares.
As irregularidades vieram à tona na operação Sangue Frio, em 19 de março. Entre os investigados estão os médicos José Carlos Dorsa Vieira Pontes, que era diretor do HU da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e Adalberto Siufi, que dirigia o HC.
Em entrevista ao Fantástico, uma ex-funcionária do HC, que não quis se identificar, afirma que muitos pacientes não recebiam corretamente os remédios para combater o câncer. Segundo ela, muitas vezes o remédio receitado tinha a dose reduzida ou era trocado pelo setor administrativo do hospital.
“O que a gente ouvia bastante na hora da compra de medicação é ‘o paciente está morrendo, não precisa fazer. Faz o soro que está bom’”, disse a ex-funcionária.
Uma conversa gravada pela PF entre a farmacêutica Renata Burale e a então administradora do Hospital do Câncer, Betina Siufi – filha de Adalberto Siufi, mostra como era decidida a medicação dos pacientes.