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Cobal ainda espera por licitação para aluguel de lojas fechadas

Esvaziamento por inadimplência prejudica comerciantes no Leblon; Conab diz que não há prazo para novo edital

Tombada em novembro de 2011 pela prefeitura, a Cobal do Leblon em nada lembra seus tempos áureos de fila na porta. Além da concorrência dos supermercados, comerciantes do local veem o esvaziamento piorar cada dia mais devido ao fechamento em massa dos estabelecimentos. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a maioria das unidades do local foi retomada judicialmente por conta do não pagamento de aluguéis e despesas condominiais. A situação, que já se desenhava antes de a Cobal ser tombada, tende a piorar, já que a Conab afirma estar próxima da emissão de posse de outras áreas do lugar. A reclamação dos lojistas, entretanto, ainda é a ausência de um processo licitatório que possibilitaria outros comerciantes ocuparem as áreas retomadas. Enquanto não há previsão da publicação do edital, eles contam a clientela nos dedos e tentam manter as portas abertas.

A história de Gil Pirozzi na Cobal teve início em 1977, quando ele abriu a delicatessen Delly Gil, cinco anos após a inauguração do espaço.

Ele conta que, em todo esse tempo, nunca viu uma nova licitação para que as lojas fechadas fossem ocupadas. Pirozzi, que começou a trabalhar no hortomercado com um boxe de frutas, diz que o máximo que aconteceu foram remanejamentos de pontos de venda.

— Eu nunca mais vi um contrato novo aqui. Há lojas fechadas há mais de dez anos. Tem gente pedindo pelo amor de Deus para alugar — relata.

O empresário reconhece que a inadimplência de muitos comerciantes atrapalha, mas critica a administração do local.

— A gestão feita pela Conab não convém. Eles não têm um interesse comercial. O estacionamento e os banheiros ficam sujos. Às 14h, a administração cerra as portas — critica Pirozzi, afirmando que, a partir desse horário, só ficam os seguranças.

Para o empresário, apesar da modernização dos supermercados, a Cobal ainda poderia dar certo.

— Perdemos um pouco por conta da concorrência, mas aqui ainda é um lugar que poderia estar funcionando muito bem, como acontece com os grandes mercados de São Paulo e do mundo. O que falta é o mínimo de incentivo e gestão — avalia.

Margarida Khauaja conta que há três anos só fazia compras na Cobal. Hoje, porém, vai ao hortomercado de vez em quando para comprar massas.

— Ao mesmo tempo que os supermercados melhoraram muito, a Cobal foi ficando vazia e caída. Dizem que há um projeto de restauração para transformá-la em algo similar ao mercadão de São Paulo, mas na atual conjuntura da cidade e do país, eu não tenho qualquer expectativa — opina a cliente.

Romel Heimlich, da floricultura Riqueza das Flores, chegou ao local há 20 anos. Ele descreve como a ausência de licitação contribui para a situação atual do espaço e a redução no número de clientes:

— Quanto menos lojas, menos público. Às vezes, a pessoa vem para comprar um coisa e acaba levando outra também. E se eu não tiver um produto, o colega ao lado pode ter. Lamentavelmente, a Cobal está em decadência. E a falta de licitação para realugar essas lojas fechadas nos prejudica muito.

A opinião do floricultor é seguida por todos os outros comerciantes ouvidos pela equipe do GLOBO-Zona Sul. Sem a revitalização do espaço e a relocação das lojas, os empresários sentem o peso de manter o comércio de pé em um ponto cada vez mais deserto. É o caso de Osvaldo Rodrigues, que tem a barraca de frutas Amigos do Leblon há 43 anos na Cobal:

— Ainda estamos aqui porque lutamos para pagar as contas em dia. Senão, já teríamos ido embora também. Os encargos sociais são muito altos, os impostos são um absurdo. Matamos um leão por dia para sobreviver.

Em nota, a Conab afirma que o processo licitatório para ocupação das lojas está em fase de instrução e sem previsão de prazo para publicação de edital. Em resposta às críticas à gestão do local, afirmou que faz a contratação dos serviços básicos e necessários ao desenvolvimento de suas atividades por meio de sua superintendência regional. Segundo o órgão, uma equipe de seis empregados que trabalha das 8h às 17h lida com os locatários e faz pequenos serviços de manutenção e conservação. Sobre os banheiros, a Conab diz que houve um problema com a empresa contratada para execução dos serviços de limpeza e conservação das áreas comuns, mas que a questão foi resolvida. E sobre o estacionamento, o órgão afirmou que iria redirecionar as reclamações à empresa contratada para explorar o serviço.

(Fonte: O Globo)

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