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Bancos esperam retomada de projetos estruturantes

Muitas licitações de 2013 ocorreram no fim do ano e somente agora é que os novos concessionários assinarão os contratos e pedirão os primeiros financiamentos

Os bancos aguardam a retomada do programa de concessões de infraestrutura enquanto azeitam a área de financiamento de projetos. Apesar de a Copa do Mundo e as eleições truncarem as atividades econômicas neste ano, o país não pode interromper o processo de modernização da infraestrutura, cuja defasagem tem sido pernicioso entrave ao crescimento econômico e causa de ineficiência e perda de competitividade.

 

A previsão do BNDES é que de agora a 2016 serão investidos R$ 368 bilhões em infraestrutura, dos quais 70%, ou praticamente R$ 260 bilhões, serão financiados.

 

Muitas licitações de 2013 ocorreram no fim do ano e somente agora é que os novos concessionários assinarão os contratos e pedirão os primeiros financiamentos para cumprir suas metas. Calcula-se que essas operações vão exigir R$ 5 bilhões em investimentos por ano nos cinco anos iniciais.

 

Das nove rodovias federais que o governo prometeu licitar, quatro ficaram para este ano. Entrou no radar a renovação da concessão da ponte Rio-Niterói. Os tradicionais leilões de energia A-5 e A-3 devem ser realizados no segundo semestre. Espera-se que saia do papel a chamada ferrovia da soja e o cronograma das licitações dos portos.

 

Não é à toa que os projetos de infraestrutura têm se constituído em atraente fonte de resultados para os bancos. Segundo o responsável pela área de project finance do banco de investimento do Bradesco, o Bradesco BBI, Rui Gomes da Silva Junior, os projetos de infraestrutura “são um negócio estratégico para o banco porque desencadeiam intenso cross selling”.

 

No caso de um banco focado em operações de atacado, como a Caixa Geral do Comércio, os negócios de estruturação e financiamento de projetos chegam a representar 30% dos resultados, informou a presidente da instituição, Deborah Vieitas.

 

Participar de um projeto de infraestrutura pode significar para o banco alavancar operações de mercado de capitais, como estruturador de emissões de títulos como debêntures e notas promissórias e de bônus no exterior; viabilizar empréstimos-ponte; repassar recursos do BNDES ou de agências internacionais; prestar garantia na forma de fiança ou carta de crédito; e até arrumar parceiros estratégicos para as empresa envolvidas.

 

Com tanta atividade, o Brasil foi o sexto maior mercado global das operações de financiamento de projetos em 2013, de acordo com a “Dealogic Project Finance Review”. Foram realizadas no país 12 operações de project finance, movimentando US$ 23,6 bilhões, 21% a mais do que e 2012. O Brasil ficou com uma fatia de 12% dos negócios globais da área em número de operações e de 5,6% em valor. No mundo todo, foram 1.085 negócios no valor de US$ 417,9 bilhões.

 

O ranking de operações de financiamento de projetos na América Latina e Caribe da Dealogic foi liderado em 2013 pelo Bradesco BBI, com 64 operações no valor de US$ 3,8 bilhões. Silva Junior informou que o Bradesco tem em carteira cerca de 70 projetos de investimento, totalizando R$ 155 bilhões em investimentos.

 

Já o Santander, terceiro no ranking, tem 63 mandatos em execução para desembolso ou estudo, que somam investimentos acima de R$ 300 bilhões, disse o superintendente executivo de project finance, Mauro Albuquerque.

 

A principal fonte de recursos para a infraestrutura é o BNDES, que tem financiado cerca de 70% dos investimentos. Lastreado em fundos subsidiados do Tesouro, o crédito do BNDES é imbatível. Nenhuma alternativa consegue competir, afirma Alberto Zoffmann, diretor de project finance do Itaú BBA, segundo no ranking da Dealogic de 2013, com 49 operações no valor de US$ 3,3 bilhões, e 11,5% do mercado. O Itaú BBA tem em carteira cerca de 50 operações.

 

O crédito oferecido pelo BNDES para aeroportos e rodovias licitados no ano passado custou menos do que a taxa interbancária, paga pelos bancos para tomar recursos de outra instituição financeira, que está ao redor de 11% ao ano.

 

Premido pelas crescentes restrições fiscais, o BNDES quer dividir o risco das operações e vem instando os bancos a ampliar a atuação como repassador de seus recursos. Para os bancos, esse é um bom negócio, mas sabem que as regras deverão mudar no futuro, dado o volume elevado de investimento em infraestrutura necessário ao país.

 

“Não dá para por tudo nas costas do BNDES. Será necessário desenvolver o mercado de capitais. O sistema financeiro também pode ajudar porque é saudável. O mercado de capitais precisa ser líquido e profundo. A roda já está inventada”, disse Ignácio Dominguez-Adame, vice-presidente de global banking e markets do Santander.

 

Tatiana Mendes Catta Preta, responsável pela área de project finance para o Brasil do Bank of Tokyo Mitsubishi UFJ, quinto lugar no ranking para a America Latina e Caribe, com dez operações no valor de US$ 1,4 bilhão, também aposta no papel do mercado de capitais e nos recursos internacionais. “O programa de infraestrutura é ambicioso e será necessário fechar o gap. Há apetite para financiar projetos no Brasil”, afirmou de Nova York, onde está baseada.

 

(Fonte: Valor)

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