China
A operadora Movicel é uma das maiores da África. O chefe de operações da empresa, Antonio Francisco, afirma que o setor de telecomunicações é estratégico para que Angola possa continuar crescendo em ritmo acelerado.
“Nós não podemos pensar em crescimento na economia a não ser que a infra-estrutura de telecomunicações seja bem-feita. O que estamos fazendo é trazer uma tecnologia de ponta que possa nos dar a melhor banda larga móvel possível.”
A Movicel fez uma parceria com a gigante de telefones chinesa ZTE para colocar a rede 4G em funcionamento em Angola. A ZTE vai fornecer todos os equipamentos – inclusive os aparelhos de celular. A companhia também terá um papel fundamental na modernização de toda a rede da Movicel, um projeto estimado em US$ 1 bilhão.
Mas apesar da grandeza do projeto, a maioria dos empregos gerados pela ZTE está na China, e não em Angola.
“Nós não conseguimos nem mesmo produzir os telefones e o equipamento aqui”, diz Frank Mei, que é diretor da ZTE em Angola. “Para ser sincero, o nível de educação neste país ainda é baixo. Eu acho que é por causa da guerra.”
“Durante a guerra, todos os recursos educacionais daqui abandonaram o país. Eles só começaram a construir um sistema de educação agora. Na nossa indústria, a maioria dos engenheiros qualificados vêm do exterior.”
A fase inicial do 4G levará a tecnologia a 15 cidades de grande população, incluindo a capital Luanda e a região de Cabinda, que é grande produtora de petróleo. A fase seguinte do projeto inclui outras 30 cidades.
A operadora espera ter um milhão de clientes até o final do ano. Isso faz parte de um plano para expandir o número de clientes – dos atuais 4,5 milhões para sete milhões no futuro.
A Movicel também vai encomendar uma série de computadores tablet com tecnologia 4G.
Pobreza
Não há dúvida de que o crescimento econômico trouxe prosperidade a muitos. A revendedora local da Porsche de Angola tem inclusive reclamado de excesso de demanda na sua loja.
Mas é importante lembrar que Angola ainda é um país pobre, onde 70% das pessoas vivem abaixo da linha da pobreza.
Diante deste cenário, o 4G pode prosperar no país? “Nós estamos jogando um jogo para o futuro”, diz o diretor-executivo da Movicel, Yon Junior.
“Nós estamos construindo uma rede elegante para acelerar o crescimento econômico deste país. Mas não é só uma questão de tecnologia. É preciso ser barato e de acordo com a capacidade que este país tem para pagar.”
Para o executivo, a empresa precisa incluir mais os angolanos. “Mais de 95% de nossa equipe técnica é formada por angolanos. E temos grande apoio da empresa chinesa na transferência de conhecimento e experiência.”
Com Angola olhando para o futuro, tecnologia e telecomunicações têm um papel fundamental na revolução econômica do país. A chegada do 4G é um demonstração poderosa dessas transformações. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
(Fonte: Estadão)