Notícias

Ex-diretor diz que Alstom pagou propina no Brasil

Se a empresa pública optasse por licitação, a multinacional francesa corria o risco de perder o negócio ou de ter que diminuir expressivamente suas margens de lucro.

Depoimento prestado à Justiça francesa põe sob suspeita aditamento de contrato de energia no governo Covas; empresa afirma que ‘repudia insinuações’

 

O ex-diretor comercial da Alstom na França André Botto afirmou, em depoimento à Justiça do país europeu, que a direção da empresa autorizou o pagamento de propina de 15% sobre um contrato de US$ 45,7 milhões para fechar um negócio com uma estatal paulista no ano de 1998. Na ocasião, o Estado era governado por Mario Covas (PSDB).

 

O depoimento, constante de um rol de documento enviados por autoridades francesas a investigadores do esquema de prática de cartel no Brasil, foi revelado ontem pelo jornal Folha de S.Paulo. Ele contradiz as afirmações reiteradas da Alstom Brasil de que nunca pagou propina.

 

O contrato em questão foi fechado com a Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE), estatal ligada à Secretaria de Energia. À época, o titular da pasta era Andrea Matarazzo, hoje vereador do PSDB em São Paulo.

 

A Alstom queria aditar um contrato que firmara em 1983 para a venda de equipamentos para três subestações de energia. Contudo, havia dúvidas sobre a validade do aditivo, pois a lei de licitações estabelecia limite de cinco anos para aquele tipo de negócio.

 

A propina paga pela Alstom serviria para evitar que a EPTE criasse entraves para a renovação de um contrato sobre o qual pairavam questionamentos. Se a empresa pública optasse por licitação, a multinacional francesa corria o risco de perder o negócio ou de ter que diminuir expressivamente suas margens de lucro. “Tivemos de pagar comissões elevadas, da ordem de 15% do contrato”, afirmou Botto ao juiz Renaud Van Ruymbeke, em 2008.

 

O contrato, conhecido como Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo) acabou de fato sendo aditivado.

 

Botto é um personagem conhecido do escândalo do cartel desde 2008. Naquele ano veio a público um comunicado interno da Alstom, de 21 de outubro de 1997, em que ele já falava em propinas pagas no Brasil.

 

Em nota, a Alstom manifestou “veemente repúdio quanto a insinuações de que possui política institucionalizada de pagamentos irregulares para obtenção de contratos”. A empresa disse lamentar que “o conteúdo de investigações sobre supostas condutas ocorridas há quase 20 anos, que por obrigação legal deveriam ser tratadas de forma sigilosa, venham a ser utilizado de forma reiterada e desproporcional nos dias de hoje com o intuito de denegrir a imagem de uma empresa que cumpre com todas as suas obrigações legais”.

 

 

 

(Fonte: Estadão)

Related posts
Notícias

Novo MIS: licitação para obras complementares de mais de R$ 71 milhões será no dia 2 de julho

Nova sede do Museu da Imagem e do Som na Avenida Atlântica, em Copacabana, enfrenta paralisações…
Read more
Notícias

Governo de SP abre licitação para construção de bloco na Etec de Itapira

Novo prédio terá 1.404 metros quadrados de área construída para abrigar laboratórios e salas de…
Read more
Notícias

São Gabriel encerra licitação com estimativa de R$ 3,7 milhões para reforma e ampliação de prédio na cidade

Empresa que pode realizar os serviços foi homologada no Diário Oficial desta segunda-feira A…
Read more

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *