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Delatores dizem ter pago R$ 154 milhões de propina para políticos do PT e PMDB

um cartel para dividir entre si projetos da Petrobras, cobrando o valor máximo previsto nas licitações e pagando suborno equivalente a 3% dos contratos.

 

Na denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que embasou as novas prisões da Operação Lava Jato, os procuradores da República detalham depoimentos de dois delatores que afirmam ter pago, ao menos, R$ 154 milhões em propina a pessoas apontadas como operadores do PT e do PMDB dentro da Petrobras. O suborno foi usado para garantir que grandes empreiteiras do país executassem obras bilionárias em, pelo menos, seis projetos da estatal do petróleo.

 

As informações repassadas pelo MPF à Justiça Federal do Paraná foram relatadas pelos executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal. Eles fizeram acordo de delação premiada para tentar garantir uma eventual redução de pena.

 

Os dois delatores disseram que os pagamentos de propina tinham como destinatários o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT para o cargo de alto escalão, e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador da cota do PMDB no esquema de corrupção que tinha tentáculos na petroleira. Duque foi preso na última sexta-feira (14) e está detido na Superintendência da PF em Curitiba. Fernando Baiano é um dos últimos dois foragidos da Lava Jato.

 

Júlio Camargo e Augusto Ribeiro narraram em seus depoimentos como funcionava o esquema de corrupção abastecido com dinheiro pago por empresas que formaram um cartel para dividir entre si projetos da Petrobras, cobrando o valor máximo previsto nas licitações e pagando suborno equivalente a 3% dos contratos. As empreiteiras eram chamadas de “clube” pelo ex-diretor de Serviços da estatal. Os delatores revelaram, por exemplo, como o dinheiro era desviado da petroleira e detalhes do pagamento das propinas no Brasil e no exterior.

 

Segundo Camargo, ele pagou US$ 40 milhões (equivalentes a R$ 104 milhões) ao lobista Fernando Baiano para garantir que uma empresa sul-coreana fornecesse à Petrobras sondas de perfuração para serem usadas na África e no Golfo do México.

 

Ao depor à PF e ao Ministério Público Federal em outubro, o doleiro Alberto Youssef, considerado um dos líderes da organização criminosa desarticulada pela Lava Jato, disse à Justiça Federal do Paraná que Fernando Baiano operava a cota do PMDB no esquema de corrupção. Na ocasião, o doleiro afirmou ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo na primeira instância, que o lobista fazia a ponte entre a construtora Andrade Gutierrez com a estatal do petróleo. A assessoria de Michel Temer, presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República, informou nesta sexta que o lobista “nunca teve contato institucional com o partido”.

 

Já Augusto Mendonça Neto relatou aos procuradores da República que, entre 2008 e 2011, pagou entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões em propina ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Os valores teriam sido pagos em espécie no Brasil e por meio de contas bancárias na Suíça e no Uruguai. O delator disse ao Ministério Público que Renato Duque exigia que o suborno do “clube” fosse pago a ele.

 

Ao MPF, o executivo Júlio Camargo afirmou que era ele quem negociava e pagava as propinas ao ex-diretor de Serviços da petroleira. Ele relatou que, em alguns casos, a propina era paga com parte do dinheiro que ele recebia por supostamente prestar serviços de “consultoria” às empreiteiras.

 

O delator afirmou, no entanto, que a construtora Camargo Corrêa cuidava do suborno destinado a Paulo Roberto Costa. Segundo o executivo, o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite – preso na nova etapa da Lava Jato -, controlava as propinas cobradas por Paulo Roberto Costa.

 

Segundo Júlio Camargo, parte do dinheiro para o pagamento dos subornos feitos no exterior a Renato Duque e ao então gerente da estatal Pedro Barusco, que atuava ao lado do ex-diretor de Serviços, saiam de contas que ele mantinha em bancos do Uruguai e da Suíça em nome de empresas off-shore. Já os pagamentos ao ex-diretor de Abastecimento eram feitos por meio do doleiro Alberto Youssef, apontado pela Polícia Federal como um dos líderes da organização criminosa que também atuava na Petrobras.

 

Em outubro, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa contou à Justiça Federal do Paraná que diretorias comandadas por PT, PMDB e PP recolhiam propinas de 3% sobre todos os contratos da petroleira. Costa integrou a diretoria da estatal entre 2004 e 2012, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

 

(Fonte: ClicPB)

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